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Nada está tão ruim que não possa piorar. A máxima, usada para ilustrar situações inesperadas e de impacto negativo, ganha coro entre os produtores de trigo. Se já estava difícil plantar o cereal, agora fica pior ainda. Em uma decisão unilateral, sem ouvir o setor produtivo, o governo federal simplesmente reduziu o valor do preço mínimo do produto. Mais do que isso, mudou as regras do jogo na metade do caminho. A bolada nas costas veio quando o agricultor, no caso do Paraná, o maior produtor nacional, está para concluir o plantio do cereal.

A decisão em reajustar o preço mínimo é do Conselho Monetário Nacional (CMN), do Ministério da Fazenda, mas sempre em linha com o Ministério da Agricultura. Ou seja, quem joga contra neste momento são os mesmos ministérios, do mesmo governo, que há dois anos vinham estimulando o plantio de trigo. E mais uma vez o produtor é pego de surpresa. A diferença é que desta vez não foi pelo clima ou por conta da cotação em baixa. Se o governo e o ministério são os mesmos, o ministro mudou e com ele começa muda também a política agrícola.

As entidades que representam os produtores tentam reverter a situação. Entre outras coisas, alegam que o reajuste é ilegal, que o preço mínimo vai ficar abaixo do custo de produção e que quase a totalidade da área está plantada. São defesas e argumento técnicos e jurídicos. A polêmica, porém, também deve ser analisada do ponto de vista do bom senso. Afinal, é no mínimo incoerente mudar as regras com o jogo em andamento e empurrar o ônus ao lado mais fraco da disputa, o produtor rural.

Também é preciso avaliar o risco de desabastecimento, ou de dependência externa do produto, que impacta na outra ponta, a do consumo, na gôndola do supermercado.

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