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Enquanto o Paraná perde mercados na exportação de carnes bovina e de frango – por conta de questões sanitárias como o ressurgimento da febre aftosa e o temor da gripe aviária – vê crescer, na surdina, outro negócio milionário. O estado abriga dois dos sete frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carne de cavalo. Os demais ficam em Minas Gerais (com três abatedouros) e no Rio Grande do Sul (dois).

Neste ano, o Brasil deverá obter receita recorde com a exportação de carne de cavalo. As sete empresas planejam faturar US$ 37,5 milhões (mais de R$ 80 milhões), com crescimento de 10% sobre os US$ 34,1 milhões de 2005. Para efeito de comparação, o faturamento de 2006 representará quase metade das exportações paranaenses de carne bovina no ano passado que, já sob o impacto da aftosa, somaram US$ 82 milhões.

O Brasil é o sétimo exportador de carne de cavalo, com 7,74% do volume mundial. Seus principais clientes são Bélgica – que também é o principal exportador mundial, porque compra carne in natura e reexporta embutidos –, Holanda, Itália e Japão. Nos últimos 15 anos, as exportações brasileiras cresceram numa média anual de 13,8%, índice de causar inveja a outros setores.

Os dados acima, que jogam luz sobre um setor que sempre perseguiu o anonimato, fazem parte de um estudo inédito sobre a atividade econômica envolvendo os cavalos no Brasil. O trabalho, divulgado no final de julho, foi realizado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), de Piracicaba, pertencente à Universidade de São Paulo (USP), por encomenda da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).

Não há no Brasil criações de cavalos destinadas à produção de carne. O estudo apurou que são abatidos os animais de descarte, já velhos, com cerca de 15 anos. Segundo o agrônomo e doutor em Economia Roberto Arruda de Souza Lima, do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq, coordenador do estudo, embora a pesquisa não tenha conseguido quantificar, existe um pequeno consumo de carne de cavalo no Brasil. Os animais destinados a esse fim são abatidos em frigoríficos clandestinos.

Mesmo os abatedouros legalizados e fiscalizados pelo Serviço de Inspeção Federal (SIF) não gostam de aparecer. A reportagem da Gazeta do Povo tentou entrevistar, sem sucesso, diretores dos dois estabelecimentos paranaenses autorizados a exportar: King Meat, de Apucarana (Norte do estado) e Rei do Gado, de Santa Fé (Noroeste). Na avaliação de Lima, as empresas preferem o anonimato por causa dos mitos que envolvem o segmento. "É um setor mal visto pelo público. Cheio de lendas, como a de que os animais são maltratados."

De acordo com fontes do setor, os abatedouros paranaenses lideram as exportações brasileiras. O site do King Meat ("carne do rei", em inglês) confirma que o abatedouro da empresa é o maior do Brasil. O King Meat exporta para 11 países europeus e atua com uma coligada, a italiana Europe Meat, que industrializa e distribuiu carnes e embutidos naquele continente.

Além de cavalos, as empresas brasileiras também abatem outros eqüídeos, como mulas e asnos. A legislação sanitária exige abatedouros específicos para eqüídeos. De acordo com o estudo, os sete frigoríficos exportadores empregam cerca de mil funcionários.

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