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A região agrícola paulista conhecida como vale médio do Paranapanema, que abrange uma faixa de até 100 quilômetros da divisa com o Paraná, consolidou a produção de grãos e se transformou, nas últimas décadas, numa extensão das lavouras paranaenses. O trecho foi percorrido na última semana pela Expedição Safra RPC, numa viagem em duas equipes, que vai mostrar também a produção de Minas Gerais e Goiás.

As condições agronômicas da parte baixa do Oeste paulista são praticamente as mesmas do Norte do Paraná, afirma Rômulo Sussel, agrônomo da cooperativa Coopermota, com sede em Cândido Mota. Além disso, muitos produtores estão logisticamente ligados ao Paraná, escoando grãos pelo Porto de Paranaguá.

A fronteira não fez diferença na definição da vocação da região, uma das que mais produz grãos em São Paulo, apesar da pressão da cana-de-açúcar. "O solo é praticamente o mesmo do Paraná. Só mais para cima as lavouras de cana e a pecuária de corte predominam", afirma o presidente da Coopermota, Oscar Knuppel.

Os agricultores paranaenses e paulistas dividem também os problemas desta safra, relata. Em média, as perdas provocadas pela seca de dezembro "vão ser de 20% na soja e de 40% no milho". O quadro agrava a situação de quem está endividado e, agora, corre o risco de não ter como pagar prestações de dívidas acumuladas, avalia. Existem produtores que não estão alcançando rendimento suficiente para custear a própria colheita. A perda chegou a 80% no milho e a 50% na soja nas plantações de Ozias Lima. "Só estou colhendo porque o seguro exige."

Segundo a Secretaria de Agricultura e Abastecimento de São Paulo, a região de Cândido Mota e Assis planta 129 mil hectares de soja e 25 mil de milho no verão, cultura adotada pelas vantagens que oferece no sistema de rotação. A área da Coopermota é de 100 mil hectares de soja e 10 mil hectares de milho, o que faz com que a cooperativa, fundada 50 anos atrás por produtores de café, experimente as transformações do setor.

Os grãos não devem perder espaço para a cana no curto prazo porque a gramínea também não está rendendo tanto quanto prometia, relata Knuppel. "Quem mudou para a cana está revendo sua opção. Se esse produtor acreditasse mais nos grãos, não sairia perdendo", afirma o gerente de Suprimentos da Coopermota, Salvador Gonçalves.

Segundo a Secretaria de Agricultura, a região dedica 220 mil hectares à cana, com plantações mais distantes da divisa com o Paraná. O levantamento considera 9.115 unidades produtivas. Ou seja, a cana é a principal cultura da região, considerando uma faixa maior que a mais próxima à divisa com o Paraná.

Atrativo

O preço da terra na região é baixo se comparado aos praticados nos Campos Gerais ou no Norte do Paraná. Há negócios a R$ 15 mil o hectare, menos da metade do valor cogitado para áreas agrícolas paranaenses. Este fator explica por que muitos produtores do Paraná expandiram suas áreas em São Paulo na última década, afirma o coordenador da unidade da Castrolanda, Alexandre Palma.

O agrônomo Cristiano Pissaia conta que, mais recentemente, a expansão dos grãos ocorreu também através de arrendamento de áreas da pecuária de corte. Porém, ele relata que a conversão de pastagens em lavouras não se mostrou tão vantajosa quanto se esperava nos primeiros anos. Agora, com os preços dos grãos em baixa, não estaria mais valendo a pena comprar nem arrendar terra, considerando os custos de implantação e pagamento de "aluguel".

A Castrolanda chegou à região em 2003. Hoje tem a maior estrutura regional de armazenagem em Itaberá, município a 50 quilômetros de Sengés (PR) (veja texto ao lado). Sua área de atuação também vem crescendo, com a adesão de novos produtores. O grupo de 62 associados planta 13,5 mil hectares no verão – 7 mil de milho e 6,5 mil de soja. O crescimento fez com que a unidade concentrasse um terço da produção total de grãos da Castrolanda, que tem sede em Castro, nos Campos Gerais, e agora possui ligação direta com os campos paulistas.

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