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O maior problema deles não está no milho ou na soja. O cereal e a oleaginosa também sofreram com a estiagem, mas o drama vivido por esses produtores com a falta de chuva tem outro nome: feijão. Quinto no ranking nacional de produção da leguminosa, o município de Prudentópolis, no Centro-Sul do Paraná, teve uma quebra de 60% na produção de 37 mil hectares na safra das águas, segundo semestre de 2008. De uma produção esperada de 1 milhão de sacas, foram colhidas apenas 400 mil.

A situação se agrava, destaca o produtor Adelmo Luiz Klosowski, que também é vice-prefeito e secretário municipal da Agricultura, quando se faz uma análise da classificação fundiária e perda de renda desses agricultores. A produção está pulverizada em mais de 8 mil propriedades e a prefeitura calcula que pelo menos R$ 50 milhões deixaram de circular na economia local e regional por conta do prejuízo no campo, apenas com o feijão. Prudentópolis ainda amarga uma perda de até 50% no milho e 5% nas lavouras de soja.

Toda a produção perdida é de feijão preto. O município é o primeiro produtor nacional dessa variedade. A esperança agora está depositada na safra das secas, que está em fase final de plantio. Como não tem outro jeito – esse é o negócio deles – neste novo ciclo a leguminosa vai ocupar 21 mil hectares. "Pelo menos por enquanto, o desenvolvimento das lavouras é considerado satisfatório. As condições climáticas têm ajudado e o produtor espera recuperar parte do prejuízo da safra das águas", diz Augustino Andreatto.

Tudo o que podia acontecer para prejudicar o feijão aconteceu, disse Aniceto Bobato. De geada e ventos e frios a estiagem e excesso de chuvas, foi um desastre, lamenta. Cada um desses eventos pegou o feijão em fases distintas e muito suscetíveis, como a fase vegetativa e reprodutiva da planta. O presidente do Sindicato Rural local, Edgar Pilatti, lembra do tombo que levou a produtividade, que caiu da média de 1.600 quilos/hectare para 600 a 700 quilos.

Na safra anterior, lembram os produtores, o feijão preto chegou a R$ 160 a saca ao produtor. Agora, cai a R$ 90. O de cor baixou de R$ 280 para R$ 70. Essa inversão no valor do feijão preto em detrimento ao de cor é atípica, mas explica-se pela falta da primeira variedade, com a redução na oferta provocada pela quebra, inclusive da produção de Prudentópolis. Ainda assim, a cotação não reage e permanece próxima do preço mínimo de R$ 80 a saca. O produtor Egídio Meneghini acredita que a queda no preço espelha a retração no consumo, e não a relação de oferta e demanda. De outro lado, o mercado não faz estoque, porque não tem dinheiro e por causa do menor consumo.

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