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| Foto: ANDRE RODRIGUES/ANDRE RODRIGUES

Aumentar a produtividade e reduzir os custos do plantio é o sonho de qualquer agricultor. Uma das formas mais modernas e eficientes de se fazer isso é através da agricultura de precisão, que utiliza uma série de dados para construir o melhor plano de manejo possível para cada pedaço da lavoura, otimizando o processo desde a análise do solo até a fase de colheita.

Os dados podem ser coletados por diversos meios, como máquinas agrícolas, drones, satélites, scanners e sensores, entre outros equipamentos, e são lançados em softwares para que o produtor tenha à disposição todas as informações para entender exatamente o que está ocorrendo na sua propriedade. O processo permite, por exemplo, reduzir a variabilidade de produção da área plantada, um dos grandes vilões da perda de produtividade e aumento de custos, principalmente com fertilizantes, sementes, agroquímicos e análises de solo.

Duas ferramentas importantes para ajudar na detecção dessa variabilidade são os mapas de colheita, produzidos a partir de dados coletados pelas máquinas no campo, e as imagens de satélite. Segundo Fabiano Paganella, consultor da Plantec, de Vacaria (RS), as imagens de satélite estão cada vez mais precisas e com uma tecnologia mais acessível e de menor custo. O engenheiro agrônomo foi um dos participantes do Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão (ConBAP), que ocorre até quinta-feira (4) em Curitiba.

Sobre o mapa de colheita, que compila dados de pelo menos 3 últimas safras, Paganella diz que mesmo que esses dados sejam captados por equipamentos o operador da máquina precisa ser bem treinado e consciente da importância do seu trabalho, para que se obtenham bons resultados. Além dessas ferramentas, é preciso ter uma meta de trabalho, um plano de ação e acompanhar de perto a evolução das informações, diz o consultor.

As solução de precisão passam, entre outras coisas, pela automação das máquinas e coleta de informações no campoGazeta do Povo

Aprendizado vem com a prática

Na propriedade de 10 mil hectares de Joel Raganin, em Jataí (GO), a agricultura de precisão começou a ser implantada há 15 anos nas culturas de soja, milho e feijão. O aprendizado de como otimizar a produção usando informação e tecnologia, segundo o produtor rural, veio na prática mesmo, experimentando o que funcionava e o que não dava certo.

Os dados mostravam, por exemplo, que havia muita diferença de composição e fertilidade no solo de cada talhão. “Dependendo de como você separa ou filtra as informações, elas te dão resultados completamente diferentes. Então o modo como você interpreta esses dados é essencial para obter o que precisa”, explica Raganin.

Na safra de 2003/2004, quando ele começou a adotar a agricultura de precisão, a média de produtividade nas suas propriedades era de 50 sacas de soja por hectares e 90 sacas de milho/ha. Atualmente, considerando a taxa de produtividade dos últimos 5 anos, a média subiu para 65 sacas de soja/ha e 130 sacas de milho/ha.

“E os investimentos para se obter isso não foram muito grandes. A gente conseguiu utilizar as informações que tínhamos da melhor maneira possível dentro do nosso negócio”, afirma o produtor rural. Com maior domínio dos fatores de produção, ele passou a conhecer a variabilidade de diversos fatores e quantificá-la. “Passamos a racionalizar a aplicação dos insumos, usando os produtos adequados, na quantidade adequada e nos momento certo”, pontua.

Mas nem tudo, segundo Raganin, dá certo na agricultura de precisão, que precisa ser testada para se saber o que funciona, customizando assim os sistemas de cultivo. “Acho que nossa maior vitória foi ter criado nossa própria metodologia de produção, o que talvez tenha sido a coisa mais importante”, diz.

Tecnologias de sensores e scanners para uso na lavoura foram mostrados durante feira do Congresso Brasileiro de Agricultura de Precisão, em CuritibaJoão Rodrigo Maroni/Gazeta do Povo

Solução também para pequenos e médios

Maiquel Alberts, produtor de Arapoti (PR), também encontrou na agricultura de precisão a chave para melhorar a produtividade de suas lavouras, que ocupam uma área de 400 hectares. Ele começou a usar as técnicas de AP em 2008/2009. “Muita gente duvidava do que estávamos fazendo por causa dos altos custos dos equipamentos na época”, comenta.

Ao longo da última década, ele conseguiu reduzir a variabilidade da produção nas culturas de trigo, soja e milho. Através dos mapas de colheita conseguiram homogeneizar a produtividade nos talhões, que hoje gira em torno de 9,5 mil kg por hectare, na média. Com informações mais detalhadas, conseguiram corrigir, por exemplo, os níveis de calcário e gesso do solo. “Nessa safra de soja de 2017 tivemos uma uniformidade no padrão bem maior no talhão, com maior retorno econômico”, explica Alberts.

Os dados permitiram também criar zonas de manejo específicas para a propriedade e mapas de semeadura variável, que permitiram otimizar o número de plantas conforme a fertilidade de cada ponto do solo. Conseguiram, portanto, economizar com sementes de milho e elevar os ganhos de produção que, segundo o agricultor, chegaram a 25%.

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