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Com preços baixos e uma área decadente desde a safra 2009/10, a cafeicultura agoniza no Paraná. A maior rentabilidade de grãos como soja e milho, a falta de políticas públicas específicas e o risco de quebra na produção, por eventos como a geada negra da última semana, reduzem o interesse pela cultura, avalia o presidente da Associação de Cafés Especiais do Norte Pioneiro do Paraná (Acenpp), Luiz Roberto Rodrigues. Em sua opinião, o café não deve retomar o volume de produção do passado, quando o grão reinava nos campos do estado. Na entrevista a seguir, o dirigente, que também é um produtor de café, destaca as alternativas que estão dando certo, como é o caso do produto gourmet, que garante renda e mercado, mas demanda investimentos em assistência técnica e pesquisa.

Que fatores explicam a redução na área dedicada ao café no Paraná?

A situação é bastante complicada devido ao fato de o estado não possuir um posicionamento estratégico para a atividade. Salvo algumas exceções, a grande maioria dos cafeicultores encontra-se em grande desânimo e não enxerga neste momento uma saída muito clara. O problema é que o Paraná possui uma particularidade de pequenos e médios produtores e um ambiente edafoclimático [condições de clima e solo] para a época de colheita e secagem que exige o emprego de muito conhecimento na atividade, ou seja, os produtores demandam geração de tecnologias próprias e, principalmente, assistência técnica em volume e qualidade para que a informação chegue ao campo e seja aplicada pelos produtores de maneira efetiva e no momento certo.

O atual nível de preços mínimos é preocupante?

Muito, e por três diferentes motivos. Primeiro, a falta de consistência do governo federal na divulgação do preço mínimo passa ao mercado internacional grande descrédito, sinalizando não haver agenda para tratar de maneira estratégica os problemas da cafeicultura nacional. Segundo, a divulgação de um preço mínimo abaixo do valor do custo de produção estimado pela própria Conab [Companhia Nacional de Abastecimento] mostra que o governo realmente não está sensível às questões da cafeicultura. Finalmente, em reunião com as principais seguradoras do país, fomos informados que, em função da falta de critérios para determinação de uma política de preços mínimos, os mesmos não conseguem montar um produto de seguro agrícola de renda para o cafeicultor, a exemplo do que já acontece hoje para a cultura da soja.

Na sua opinião, qual o futuro da cafeicultura no Paraná?

Já fomos os maiores produtores mundiais de café antes da geada de 1975. Hoje contamos com grande diversidade e opções de cultivos em nosso estado, em função da grande variabilidade edafoclimática de nosso território e da presença de diferentes cadeias produtivas. Não voltaremos a ter a quantidade de produção de outrora. Dessa forma, a saída para nossos produtores seria trabalhar o associativismo, para viabilizar investimentos em processos e tecnologias e fazer a gestão estratégica das propriedades, visando à redução dos custos, o aumento da produtividade e a diferenciação do valor de venda pelo aumento da qualidade.

O investimento em cafés de alto nível (gourmet) é uma boa alternativa?

Sim, o mercado de cafés especiais cresce a cada ano em taxas muito superiores às do café convencional. É uma alternativa que precisa de grande investimento em conhecimento e tecnologia para adequar variedades, melhorar o manejo da lavoura e avançar em processos de colheita e pós-colheita para aproveitar o potencial de cada região. É possível viabilizar o modelo a todas as regiões que apresentem produtores organizados, pesquisa adequada, assistência técnica em volume e qualidade para adoção de boas práticas agrícolas, seguro agrícola eficaz e, principalmente, que o governo estadual assuma uma postura estratégica em relação à cafeicultura.

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