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O pluviômetro que o agricultor Milton Martinez, de Sertanópolis (Norte), mantém pendurado num palanque em sua propriedade está seco desde o dia 28 de agosto. Amareladas pela poeira, as marcações de milimetragem do recipiente quase desapareceram. O sol não dá trégua e, diante das previsões de que as chuvas dos próximos dias não vão beneficiar a região, ninguém sabe quando será possível iniciar o plantio. "Sem chuva, não podemos fazer nem a aplicação de herbicida", lamenta.

Martinez aguarda chuvas previstas para depois do dia 12 deste mês. Sua esperança é que as precipitações passem de 50 milímetros – o necessário para viabilizar o plantio – e sejam bem distribuídas. No entanto, o histórico de julho e agosto mostra que essa não é a tendência. Os 57 milímetros registrados em julho se concentraram no dia 24 em sua propriedade. Em agosto, houve 17 milímetros, tudo no dia 28. "O clima está seco e a previsão não é bonita."

Ele pretende plantar soja em 100% dos 283 hectares que cultiva. Sua região é de baixa altitude e, como não há frio durante a noite, o desenvolvimento do milho fica prejudicado. Mesmo sem a concorrência de culturas na época de plantio, Martinez prevê problemas de logística por causa da seca. "Vamos ter de plantar até de madrugada e a concorrência para a contratação de mão-de-obra será grande." Além disso, teme queda na produtividade da oleaginosa.

A preocupação com o milho se tornou comum. O produtor Cleber Pescador, também de Sertanópolis, que tinha planejando dedicar 20% de uma área de 170 hectares ao cereal – num esforço para implantar o sistema de rotação de culturas e reduzir os problemas com as pragas –, revê seus planos. "Uma chuva não será suficiente para desmanchar os torrões da seca." Sem umidade, a lavoura está coberta de blocos de terra que ele não consegue quebrar com as mãos. Pescador só não desistiu do milho ainda porque já comprou sementes e insumos e não pode devolver os produtos.

Na propriedade de Valter Fassula, de Londrina, o atraso de três semanas no plantio de milho ameaça provocar problema de logística e também afetar a qualidade da produção. Ele pretende cultivar 48 hectares de milho e 192 de soja. Além de a semeadura das duas culturas ter ficado para a mesma época – a segunda quinzena de outubro –, deve haver correria na colheita. O mais provável é que o milho tenha de esperar a soja, invertendo a ordem da colheita. "Mas se o milho maduro fica na lavoura e chove, perde qualidade", observa ainda indeciso.

Em Apucarana, Claudinei Lourenço não esperou a chuva em quantidade ideal. Há dez dias ele plantou o milho, que agora tem dificuldade para emergir em meio ao solo seco. Ele diz que fez o plantio porque a cooperativa informou que tinha previsão de chuva na semana passada, o que não ocorreu.

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