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Embora o reajuste do preço mínimo do trigo não tenha chegado aos 25% reivindicados pelo setor produtivo, os novos valores são um estímulo à cultura no Paraná, avalia o gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra. Já no Rio Grande do Sul, a medida deve ter efeito oposto, desestimulando o plantio, afirma Hamilton Jardim, presidente da Comissão de Trigo da Farsul, a federação da agricultura do estado. Enquanto no Paraná a expectativa é de pequeno aumento da área plantada (1%, segundo a Seab, a secretaria de Agricultura do estado), no Rio Grande do Sul o cereal deve ocupar extensão 20% menor em 2009, calcula Jardim.

Isso porque o governo federal decidiu promover neste ano reajustes diferenciados do preço mínimo de garantia do cereal, que agora variam de acordo com a classificação do grão. O trigo pão e o melhorador, justamente as classes mais cultivadas no Paraná, foram os que receberam os maiores aumentos. No caso do trigo melhorador, o reajuste aprovado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) foi de 15,63%, para R$ 555 a tonelada. O trigo pão teve aumento de 10,42%, para R$ 530 a tonelada. Juntas, essas duas classes representam cerca de 80% da produção paranaense do cereal. Já para o trigo brando, que é cultivado em 80% das lavouras gaúchas, o preço mínimo estabelecido foi de R$ 441 a tonelada, um incremento de apenas 5,54%.

O reajuste diferenciado coloca o Rio Grande do Sul em desvantagem, diz Jardim. Ele estima que em cerca de 10% da área do estado haverá migração do trigo brando para as classes de melhor qualidade (pão e melhorador). No cômputo geral do estado, contudo, a expectativa é de retração da área plantada, para pouco menos de 800 mil hectares. "É lamentável isso acontecer em um estado que tem potencial para cultivar até 2 milhões de hectares", avalia Jardim. Em 2008, os produtores gaúchos destinaram ao trigo 980,3 mil hectares e colheram uma safra de 2,1 milhões de toneladas, o que garantiu ao estado o título de segundo maior produtor nacional do cereal, atrás apenas do Paraná.

No Rio Grande do Sul, a área de trigo recuará neste ano não só devido à nova política de preços mínimos, mas também por causa da falta de liquidez do mercado do cereal, revela o dirigente. No estado, há ainda cerca de 800 mil toneladas de produto da safra passada ainda por comercializar. "A combinação desses dois fatores criou uma situação de desestímulo à cultura do trigo e fez o produtor gaúcho repensar o planejamento da safra", afrima Jardim.

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