Prêmio reconhece visionários do campo

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Nove anos atrás, quando a agricultora Adriana Gauza decidiu desafiar o clima do Sudoeste paranaense para iniciar o cultivo de uvas, a vizinhança desconfiou. Em um polo tradicionalmente produtor de grãos a aposta parecia fadada ao fracasso,. Quase uma década depois ela prova que a persistência valeu a pena. Além da fruta, a pequena propriedade de 14 hectares em Realeza também produz vinhos e se tornou uma referência na região. Com uma mão de obra formada por apenas quatro pessoas a fazenda ganhou novo fôlego, e mais de 50 visitas para conhecer detalhes do negócio.

No início do ano, Adriana, 36, ganhou apoio da jovem Bruna Zuttion, 18, para impulsionar ainda mais a atividade na propriedade. As duas se conheceram por meio do Programa Empreendedor Rural 2014, que promove a capacitação dos agricultores com foco em novos negócios. Realizado pela Federação da Agricultura do Paraná (Faep) em parceria com o Sebrae-PR e a Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Estado do Paraná (Fetaep), o programa teve a cerimônia de encerramento realizada na última sexta-feira (05), quando mais de 5 mil produtores vieram a Curitiba.

Para o presidente da Faep, Ágide Meneguette, ao ensinar aspectos como gestão de custos, planejamento e legislação o programa amplia o leque de opções dos produtores, reduzindo a dependência da flutuação de preços nos mercados internacionais. “Ninguém vem pagar nossas contas. Nós é que temos que trabalhar direito, buscando eficiência e competitividade para negociar a produção”, aponta. Ele lembra que desde 2003, quando as primeiras turmas foram formadas, mais de 21 mil produtores já estão cam capacitados.

“O curso ajuda a mostrar nossos pontos forte e fracos, ao mesmo tempo em que ajuda a proporcionar uma visão global de mercado”, relata Bruna. A formação também dá resultado prático. A dupla realezense foi selecionada como um dos dez melhores projetos em meio a mais de mil participantes e 96 turmas formadas em 2014.

Além do ganho em formação, o programa também auxilia em questões como a sucessão rural, aponta Meneguette. Prova disso é que o melhor projeto de 2014 foi desenvolvido por uma jovem de 18 anos. Letícia Jedenoralski, de Campina do Simão (Centro), foi eleita vencedora graças a um programa que otimizou a produção de leite na fazenda da família, de 51,5 hectares.

A vocação empreendedora ganha força num momento em que a economia anda desfavorável, aponta o economista e ex-ministro das comunicações Luiz Carlos Mendonça de Barros. Mas o mercado agrícola ainda é promissor. “O grande impulso econômico provocado pela demanda de países como a China passou, mas não é preciso desespero.” “Com preparo, empreendedorismo e formação técnica é possível crescer”, complementa o secretário de Agricultura e Abastecimento do Paraná, Norberto Ortigara.

Polêmica

Ministro rebate acusações e minimiza troca de comando

Após participar do Encontro Estadual de Cooperativistas Paranaenses, o ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Neri Geller, também compareceu ao evento de encerramento do Programa Empreendedor Rural 2014. Lá ele minimizou sua possível saída do comando da pasta, com a possibilidade da nomeação da senadora Kátia Abreu no próximo ano. “Fico muito tranquilo, pois eu não mendiguei o cargo. Enquanto eu for ministro não vou fazer política. Só continuo no cargo se for pela força do trabalho”, disse.

Geller também se defendeu das acusações de envolvimento na operação Terra Prometida, que investiga a exploração ilegal de terras da reforma agrária. Dois irmãos do ministro ficaram presos até a última quinta-feira (04), quando um pedido de habeas corpus garantiu a libertação de 34 acusados. “Tudo o que eu quero é que olhem o que aconteceu. Eu nunca tive um lote no assentamento. A Polícia Federal não está me investigando mas poderia, por que não possuo irregularidade nenhuma”, declarou.