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Os sunicoultores do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul reuniram-se ontem em Curitiba e decidiram questionar as consequências da fusão entre a Sadia e a Perdigão. Eles temem por uma queda ainda maior nos preços. Os representantes do setor dizem que as cotações abaixo dos custos se transformaram num pesadelo para os suinocultores.

As promoções a partir de R$ 4 o quilo nos supermercados mostram que a oferta continua elevada e, na outra ponta da cadeia, quem produz o alimento reclama de um prejuízo avaliado em R$ 0,60/kg ou até R$ 65/animal. A compra da Sadia pela Perdigão, para a formação da Brasil Foods, é vista como agravante, que pode atrasar a recuperação dos preços que tradicionalmente ocorre com a chegada do frio.

O presidente da Associação Paranaense de Suinocultores (APS), Irineu Wessler, reclama que não há garantia de preço ao produtor. "O suinocultor não está mais aguentando. A diferença passou de R$ 2,3/1,70 (custo/preço recebido) para R$ 2,20/1,60", disse. Ele defende que o governo federal lance um preço de referência em torno de R$ 2,30.

A crise da suinocultura se acentuou no primeiro semestre deste ano no Paraná, com uma queda de 21,6% nas exportações na comparação com o mesmo período de 2008. Nos 12 meses do ano passado, a redução nos embarques foi de 12,7%.

No Paraná, segundo maior produtor de suínos do país, atrás apenas de Santa Catarina, as reclamações vêm surtindo efeito. O governo do estado promete estender à suinocultura o desconto de até 60% na energia elétrica usada durante a noite nos criadouros. Além disso, estuda desde março a inclusão de carne suína na merenda escolar.

"Vamos marcar audiências com os ministros da Agricultura, Economia e Planejamento para mostrar nossa situação", disse o presidente da Associação dos Criadores de Suínos do Norte do Paraná, José Luiz Vicente da Silva. Ele acredita que a pressão pode fazer com que as indústrias reajustem os preços pagos ao produtor.

O presidente da Associação de Criadores de Suínos do Rio Grande do Sul, Valdecir Luis Folador, atribui a crise diretamente à indústria. "A fusão da Sadia e da Perdigão não é saudável para o setor produtivo. Não vai significar aumento de renda para a suinocultura e avicultura. Eles terão mais poder para ditar os preços." A fusão ainda vai passar por avaliação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).

Os representantes das indústrias têm alegado que os preços atendem à relação entre oferta e demanda e avaliam que a formação da Brasil Foods por Sadia e Perdigão traz segurança ao setor.

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