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O aumento da produção interna deve provocar oscilações no mercado do milho. Mesmo com o aumento da demanda para produção de etanol, os preços não estão livres de cair no Brasil entre julho e agosto, por causa da pressão da colheita nacional. Depois desse período, é o tamanho dos estoques mundiais que vai ditar as tendências, de alta ou de baixa, explicam os especialistas. Dessa forma, o produtor está optando entre vender agora, com o câmbio desfavorável, e apostar num quadro de promessas, no fim do segundo semestre.

"Nosso problema hoje é o câmbio. O preço está bom, mas poderia estar bem melhor se o real não estivesse tão valorizado [diante do dólar]", afirma Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado. O bushel de milho (25,4 quilos) subiu de 2,20 para 3,70 dólares (68%) em Chicago e o saco do produto (60 quilos) aumentou de R$ 15 para R$ 19 (27%) em Paranaguá no último ano, considera. Ou seja, o produtor local sente menos da metade da influência positiva externa.

Além disso, os preços internacionais – os maiores dos últimos dez anos – podem ser rebatidos pelo aumento da produção norte-americana, afirma Molinari. "Eles querem atender à demanda do etanol e manter as exportações", frisa o analista. Mesmo que os "players" como o Brasil não encontrem dificuldade para exportar milho neste ano, a pressão do aumento na produção sobre os preços internos na época da colheita é dada como certa.

As dúvidas em relação ao segundo semestre devem-se a fatores mais imprevisíveis. "Dificilmente vai faltar milho nos Estados Unidos", argumenta Molinari, apontando para um cenário de queda nos preços. Por outro lado, os estoques mundiais não serão recuperados tão cedo, avalia o analista Fernando Muraro, da consultoria AgRural, que acredita na sustentação de valores recordes.

Na avaliação de Muraro, apesar dos problemas internos (pressão da produção e dólar na faixa de R$ 2,00), o efeito etanol e os estoques baixos puxam os preços para cima. "O principal direcionador continua sendo o mercado internacional", acrescenta.

Ele prevê uma interferência menor da colheita brasileira. "Das cerca de 7 milhões de toneladas de milho a serem exportadas, 2 milhões de toneladas já estão negociadas. Isso nunca aconteceu com tanta antecedência", observa. O analista aconselha o produtor a vender parte da produção e guardar o restante para o fim do ano.

O governo brasileiro tenta tranqüilizar os produtores. O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Jacinto Ferreira, disse na última semana que pode haver interferência no mercado caso haja queda brusca de preço.

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