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Ponta Grossa e Curitiba - Seleção genética e me­­lhor de­­sem­­penho não evitaram que o rebanho de caprinos e ovinos encolhesse 20% nas últimas duas décadas no Brasil. A pré-disposição maior do consumidor para cortes de primeira teria apenas aliviado essa queda. Para voltar a crescer, o setor terá de diversificar cortes, melhorar o sistema de distribuição e abrir mercado, conforme avaliação de três eventos paralelos que concentram, desde de ontem, criadores de todo o Sul em Curitiba. O rebanho brasileiro de ovinos caiu de 17 para 13 milhões e o de caprinos de 8,2 para 7,1 milhões entre 1985 e 2006, mostra o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Considerando todo o Sul, a redução foi de 8,8 para 3,9 milhões e de 300 para 289 mil. No Paraná, houve recuo na criação de ovinos na última década, de 574 para 484 mil cabeças. Já os caprinos passaram de 66 a 124 mil nesse mesmo período.

Mesmo assim, o setor buscou profissionalização, por conta própria e com apoio do governo. No Paraná, os cerca de 280 animais mantidos para seleção genética pelo Iapar geraram 153 machos e 13 fêmeas que agora são reprodutores em áreas privadas. Os animais são considerados alternativa de renda importante, principalmente no sistema de integração lavoura-pecuária.

Produtores e técnicos falam de crescimento nos últimos anos, e argumentam que a falta de metodologias abrangentes tornam o acompanhamento precário. Para a Seab o número de cabeças em 2007 estava em cerca de 550 mil, e continua crescendo. Já a Comissão Nacional de Caprinos e Ovinos da Confe­deração da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) aponta para um rebanho no Paraná pouco maior que 600 mil cabeças de ovinos e 80 mil cabeças de caprinos.

O estímulo na área de crédito e o apoio para o estabelecimento de cooperativas prometem melhorar o cenário do setor de carnes de carneiro e cabrito no Paraná. Atualmente os produtores esbarram na falta de organização e principalmente nos entraves para a comercialização para apostar no aumento da produção.

"Mesmo diante desses problemas, vemos claramente o aumento na demanda pela carne e, por isso, estamos tentando fomentar a formação de volume para que o mercado seja atendido sem problemas de sazonalidade", diz José Antônio Baena, zootecnista da Secretaria Estadual da Agricultura e Abastecimento (Seab).

Baena reconhece que ainda não há um sistema que mostre com exatidão como anda o mercado. "Houve uma tentativa de se medir o crescimento a partir da venda da vacina contra febre-aftosa. Contudo, a vacinação em rebanhos de ovinos e caprinos não é obrigatória, então a proposta não trouxe resultado", diz ele.

Incentivos

Neste ano a ovinocaprinocultura foi incluída no programa "Mais Alimentos" do governo federal, com uma linha de crédito criada no Plano Safra 2008/09 para reforçar a infraestrutura das unidades produtivas da agricultura familiar. Contudo, a maior aposta está nas cooperativas de produtores, que podem obter vantagens compartilhando as estruturas de melhoramento genético e de comercialização.

As seis primeiras cooperativas já formadas com apoio da Secretaria de Agricultura, sendo uma delas de caprinos, estão espalhadas pelas regiões Norte, Sudoeste e Centro-Sul e somam um rebanho de 30 mil cabeças. Juntas, elas podem produzir aproximadamente 100 toneladas de carcaça por ano – volume destinado ao mercado interno. Mas o crescimento é rápido: a cooperativa de Londrina passou de 3 mil para 7 mil matrizes desde o início do ano.

As grandes cooperativas de produção agrícola também estão projetando investimentos no setor. A Castrolanda, que já possui um rebanho próprio de 8 mil cabeças de ovinos e instalações para a finalização de produtos (cortes), prevê a instalação de um frigorífico específico para o abate de cordeiros, serviço que hoje é terceirizado. O projeto, de pelo menos R$ 2 milhões, deve fechar o processo de produção da cooperativa, que tem planos de exportar a carne e incluir certificação orgânica para alguns produtores.

"Decidimos pelo investimento porque a demanda está crescendo", afirma o veterinário Tarcísio Nicolau Bartmeyer, responsável pela ovinocultura. A cooperativa atende casas de carnes, restaurantes e supermercados do interior e da capital. "Temos atendimento personalizado para os chefs que precisam de cortes especiais", conta.

Hoje o grupo de 25 cooperados que estão atuando com a ovinocultura conseguem vender 4 mil cordeiros por ano, com idade entre 100 e 150 dias. Segundo Bartmeyer, a precocidade ajuda na produção de carne de melhor qualidade, com maciez e nível moderado de gordura.

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