| Foto: Roberto Custa³dio / Jornal De Londrina

Como já era esperado, o governo federal confirmou na manhã desta segunda-feira (26) o montante de recursos que será destinado ao Plano Safra da Agricultura Familiar 2014/15 em R$ 24,1 bilhões. O valor é recorde e 14,8% superior ao da temporada passada, quando foram disponibilizados R$ 21 bilhões. A cerimônia de lançamento ocorreu no Palácio do Planalto, em Brasília, com a presença da presidente Dilma Rousseff, do ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, representantes do setor produtivo e demais autoridades.

CARREGANDO :)

Diferentemente do anunciado à agricultura comercial na semana passada, houve manutenção da taxa de juros de financiamento para pequenas propriedades rurais do país de 0,5% a 2% ao ano, dependendo da linha de crédito. Para os médios e grandes agricultores, o custo do subsídio subiu de 5,5% para 6,5% ao ano.Também foi assinado o decreto que cria a Agência Nacional de Assistência Técnica Rural (Anater), lançada linha de crédito para o Semi-Árido, microcrédito para a agricultura agroecológica e divulgadas alterações para a contratação do Proagro mais, que promete garantir 80% da receita bruta esperada pelos produtores.

As linhas de investimento do Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) terão à disposição R$ 12 bilhões. “As taxas [de 0,5% a 2%] são extremamente baixas. Queremos que os pequenos agricultores tenham acesso a melhores condições para investir, adquirir máquinas e equipamentos para melhorar a produtividade da propriedade e, com isso, gerando mais emprego na cidade e mais renda para os agricultores”, disse a presidente Dilma. O conjunto de medidas deve superar os R$ 40 bilhões.

Publicidade

Assistência técnicaUm ano depois de lançar a Anater, a presidente assinou o decreto que cria oficialmente a entidade, que funcionará sob a administração do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) e deve contar com a parceria da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). “Queremos o mesmo padrão de qualidade que a Embrapa tem. É isso que vai revolucionar a assistência técnica no Brasil”, ressaltou Dilma.

SeguroO Proagro mais, que prevê garantia de receita e com limite de cobertura de ate R$ 20 mil pra os pequenos agricultores, será obrigatório, para evitar necessidades de renegociação de dívidas do setor. Ao produtor cabe pagar 2% sobre o valor agregado do seguro.Segundo o governo, as renegociações se arrastam desde 1985 e atingem 8 milhões de hectares. O objetivo é que os inadimplentes voltem a ter direito à tomada de crédito e assim garantam o repasse total da verba disponibilizada. “Se forem gastos esses R$ 24 bilhões, garantiremos o acesso aos demais recursos”, reiterou a presidente.

AgroecologiaO governo federal quer ainda que a agricultura familiar seja referência na produção agroecológica/sustentável. Para isso lança o Pronaf Produção Orientada, que, entre outras linhas, direciona recursos para incentivar a produção de alimentos orgânicos, principalmente em regiões do Semiárido como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. Com um limite de financiamento de R$ 40 mil, o programa garante assistência técnica e bônus para pagamento de Ater de $ 3,3 mil a ser pago em três anos.

EmplacamentoA presidente Dilma também garantiu que o emplacamento de máquinas agrícolas será simplificado com uma Medida Provisória (MP) que será publicada hoje. “O licenciamento só vai ser feito uma vez e para toda a vida útil da maquina. Será exigido apenas para vias públicas”, disse. Ela revelou ainda que os motoristas serão obrigados a ter carteira de motorista tipo B, a mesma cobrada para veículos considerados leves (até 3,5 mil kg).Cartão promete agilizar crédito a assentadosO Plano Safra da Agricultura Familiar 2014/15, anunciado hoje em Brasília pela presidente Dilma Rousseff e pelo ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Miguel Rossetto, trouxe novas linhas de crédito para quem já produz ou quer começar a produzir alimentos em assentamentos rurais. Os novos assentados terão até R$ 14,2 mil por família, via Crédito de Instalação, para gastar com aquisição de bens de primeira necessidade e iniciar a produção. A novidade neste programa, além do limite, é que pode ser operado através de um cartão, que pretende agilizar o acesso aos recursos públicos. Durante a cerimônia no Palácio do Planalto, a presidente Dilma entregou os dois primeiros cartões dessa modalidade a agricultoras assentadas.

Também foi criado o programa Mais Alimentos Reforma Agrária, voltado às famílias que nunca receberam recursos públicos para investimentos e que buscam ampliar a produção. O limite é de R$ 25 mil, com bônus de 40% e prazo de pagamento de dez anos. Neste caso, os beneficiários ainda podem contar com três operações de até R$ 7,5 mil cada para bancar o custeio da produção.

Publicidade

As medidas lançadas na capital federal foram bem recebidas pelos representantes do setor produtivo, com ressalvas. “Neste ano, estamos vendo que aparecem elementos fundamentais no Plano para a reforma agrária. Mas devemos voltar a discuti-lo no final de 2014 para saber se devemos mesmo comemorar. Muitas vezes os resultados não correspondem à necessidade real do povo, porque impera uma burocracia no segundo e terceiro escalão”, comentouAlexandre Conceição, integrante do Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) e representante da Via Campesina em relação às dificuldades no repasse dos recursos.

O coordenador geral da Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (Fetraf), Marcos Rochinski, também comemorou, destacando a evolução dos recursos voltados aos pequenos agricultores nos últimos anos. Ao final de seu discurso, ele entregou à presidente Dilma um Plano Nacional de Desenvolvimento Rural e Sustentável, “que deve ser a luz para seu governo no próximo plano nacional da agricultura familiar”, destacou.

Veja também
  • Plano Safra tem orçamento reforçado, mas juro maior
  • Governo lança cartão de crédito e nova linha para assentados