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A semana da largada da segunda fase da Expedição Safra, da Rede Paraense de Comunicação, que faz o balanço da produção de grãos do ciclo 2008/09, verificou contrastes acentuados na região que vai do Sul ao Sudoeste do Paraná. Quem perdeu está colhendo primeiro, o que faz com que a quebra seja o assunto da ordem do dia. Os campos verdes, no entanto, mostram que ainda há chance de recuperação, pelo menos parcial.

A estiagem atingiu perto de 10% da soja e castigou mais de 40% do milho, conforme avaliação da cooperativa Bom Jesus, com sede na Lapa (Sul). A Coasul, de São João (Sudoeste), prevê quebra de 20% na oleaginosa e de 30% a 40% no cereal. Na Agrária, de Entre Rios, mais ao centro, os números são menos ruins: 10% no milho e situação indefinida na soja.

A dimensão das perdas pode ser vista numa espiga de milho, diz Alaor Muller, de Palmas. "Com a seca, ela fica menor e rende três ou quatro fileiras de grãos a menos. As normais têm 18 fileiras." Além disso, faltam grãos, principalmente na ponta, que é a parte mais atingida pela lagarta-do-cartucho, argumenta. Poucas espigas chegaram ao tamanho que ele consideram normal.

Muller ainda não começou a colher, mas estima que as perdas vão chegar a 50% nos 40 hectares destinados ao cereal e a 20% nos 17 hectares de soja. Ele teve perda de 50% em 14 hectares de feijão e teme não conseguir pagar as contas da safra.

Em Palmas, as lavouras plantadas dentro do zoneamento agrícola desafiam as previsões pessimistas. O produtor Roque Abel Ferronatto estima perda aproximada de 10% na soja e rendimento normal no milho. Suas lavouras, que abrangem 2,9 mil hectares, estão em boas condições, mas ainda dependem de dois meses de chuvas bem dosadas. A meta é atingir, considerando as perdas, 2,6 mil kg/ha de milho.

Os agricultores contam que o prejuízo maior será no milho, segunda cultura mais importante do estado. As lavouras com mais perdas na soja são consideradas exceções. Eles relatam que o problema se agrava por causa dos custos do milho. A seca, além de reduzir a produção, exigiu mais inseticidas. Lavouras em que houve três aplicações estão infestadas de lagarta-do-cartucho.

Poucos escaparam sem perdas. Renato Vargas, de Palmas, que plantou 470 hectares de soja, prevê produção normal. Ele não plantou milho. Ele conta que não adivinhou que haveria seca. Tomou a decisão depois de comparar os custos das duas culturas.

A menos de 100 quilômetros das lavouras de Vargas, Claudinei Vieira, de Francisco Beltrão (Sudoeste), conta que pode colher menos da metade do previsto em 100 hectares de milho. Em 20% dos 40 hectares de soja, também haverá perdas, de cerca de 50% – as plantas já têm cachos e deveriam bater na cintura do produtor, mas chegam só até o joelho. Como plantou mais cereal, as perdas vão atingir em cheio suas contas. O custo de R$ 1,65 mil por hectare vai ficar 45% descoberto, calcula.

Os campos verdes têm falhas, mostrou Alfredo Szabo, de Guarapuava, que planta 750 hectares de soja e 250 de milho. "Parte da soja nasceu e morreu por falta de água", explica. As plantas que nasceram têm tamanho desuniforme em suas lavouras. Ele prevê quebra de 10% nas duas culturas.

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