Soja ganha no dólar e perde em Chicago

• 0

No dia em que o dólar alcançou o seu maior valor em quase cinco meses, a soja levou mais um tombo na Bolsa de Chicago (CBOT). Ontem, em meio ao forte fluxo de entrada de recursos no país, a moeda norte-americana foi a R$ 1,859: a maior cotação desde 3 de setembro do ano passado. Na contramão, os preços futuros da soja recuaram ao menor valor em mais de três meses na CBOT. A oleaginosa encerrou os negócios do dia valendo US$ 9,29 o bushel (27,2 quilos), ou US$ 20,49 a saca de 60 quilos, a menor cotação desde 07 de outubro de 2009. Desde o início do ano, o dólar subiu 7%, mas a soja já caiu 11%. Com os dois principais termômetros do mercado caminhando em direções opostas, perde o sojicultor brasileiro, pois o resultado desta gangorra – dólar em alta e CBOT em queda – é a desvalorização da oleaginosa no mercado interno. No Paraná, a cotação do grão registra queda de 9% na comparação com os preços médios pagos ao produtor em dezembro. Conforme levantamento do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o produtor paranaense recebeu ontem em média R$ 36,26 pela saca de soja.

"Começamos o ano com Chicago acima de US$ 10 o bushel e o dólar na casa dos R$ 1,75. Agora, a soja vale pouco mais de US$ 9, mas o câmbio está acima de R$ 1,80. A queda na CBOT certamente teve um peso maior na formação dos preços domésticos, mas foi em parte compensada pela desvalorização do real", observa Leonardo Menezes, da consultoria Céleres. Ele ressalta que os prêmos de exportação, terceira perna do tripé de definição dos preços internos da soja, permanecem positivos no Porto de Paranaguá, o que ajuda a amortecer a queda em Chicago. "Mas também já começam a indicar sinais de baixa. O prêmio para março, por exemplo, que estava acima de US$ 0,60/bushel, hoje está em torno de US$ 0,40. Essa queda é normal nesta época, por causa do aumento da oferta com a evolução da colheita", explica.