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As atuais cotações do real ante o dólar e da soja na bolsa de Chicago conseguiram destravar, em parte, a comercialização da nova safra da oleaginosa no Brasil, mas muitos produtores ainda estão relutantes em fechar negócios, avaliam analistas de mercado.

A moeda norte-americana registrou na segunda-feira sua maior alta em três anos, de 2,7%, fechando em R$2,52, na maior cotação desde 2005, depois de Dilma Rousseff ser reeleita presidente da República. Já a soja negociada na bolsa de Chicago tocou nesta terça-feira (28) a maior cotação em cerca de seis semanas, após sofrer fortes perdas desde meados do ano devido às perspectivas de um mercado bem abastecido por safras recordes nos Estados Unidos e no Brasil.

O primeiro vencimento da soja na bolsa de Chicago tinha leve alta por volta das 15h (horário de Brasília), a US$10,0825 por bushel, após tocar US$10,345, maior patamar desde 2 de setembro, impulsionado por forte demanda no mercado físico de farelo de soja nos EUA. "Não é uma janela, é uma varanda de oportunidade para o produtor [fechar negócios]", disse o presidente da consultoria AGR Brasil, Pedro Dejneka, de Chicago. "A alta em Chicago foge de fundamentos de médio a longo prazo... e a alta é excelente para o produtor", reforça.

No entanto, a combinação de preços melhores para a soja e boa taxa de conversão em reais ainda não foi suficiente para recuperar o atraso na comercialização da safra 2014/15, que já está sendo plantada. "Tenho visto negócios com soja safra velha e da nova, nada absurdo. Mas como estava totalmente travado, um pouco que sai já se faz perceber", disse Flávio França Jr., da França Junior Consultoria.

"Os vendedores estão irredutíveis ainda. Começaram a sair negócios, mas não tanto quanto em anos anteriores. A comercialização está lenta ainda", revela o diretor da Grãomar Corretora, João Claudio Pereira da Silva, de Maringá (PR). Segundo ele, foram fechados negócios na região na segunda-feira a R$ 62 por saca de 60 quilos, com entrega em fevereiro. Cerca de 20 a 30 dias atrás, os valores estavam em R$59,50.

Em Mato Grosso dados do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) apontam que a comercialização atingiu em outubro 16% do volume a ser colhido, contra vendas de 41% no mesmo período da temporada 2013/14. No Paraná o índice é de 6%, ante vendas de 20% no último ciclo, indicam dados da Secretaria Estadual de Agricultura e Abastecimento (Seab).

Até o início de outubro, a comercialização nacional antecipada da safra de soja 2014/15 estava em 13% por cento, contra 27% da média histórica, segundo França Jr. Os analistas ressaltam que o componente mais volátil dos preços da soja no Brasil é o câmbio, que pode regressar a patamares mais baixos. "A reação do dólar quanto à eleição indica que há espaço agora para ele cair", salienta Dejneka.

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