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Colheita se aproxima dos 10% iniciais no estado e deve ganhar ritmo nesta semana |
Colheita se aproxima dos 10% iniciais no estado e deve ganhar ritmo nesta semana| Foto:
  • Previsão de chuva além da média é válida para a segunda quinzena de fevereiro e para março em lavouras mato-grossenses.
  • Previsão de chuva além da média é válida para a segunda quinzena de fevereiro e para março em lavouras mato-grossenses.
  • Argino Bedin conta que pragas elevaram custos ao maior patamar já registrado.

Helicoverpa armigera, falsa medideira, mosca branca, ferrugem asiática e nematóide de cisto. Os nomes das principais pragas e doenças que afetam a cultura da soja no Brasil ganham força entre os produtores rurais de Mato Grosso nesta temporada. Mas, apesar do aumento da pressão dos inimigos, o otimismo ainda impera nos campos do maior estado agrícola do país, que tem conseguido retirar das lavouras mais do que a média histórica de 3,18 mil quilos de soja por hectare (53 sacas por hectare) com variedades precoces neste início de colheita, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo em viagem de mais de 4 mil quilômetros nas últimas duas semanas. É a sétima safra consecutiva com média acima de 3 mil quilos por hectare.

A Helicoverpa armigera, considerada a maior ameaça ao setor produtivo nesta safra, não é mais problema. Por outro lado, há um surto da lagarta falsa medideira no estado, praga que até o ano passado considerada secundária. Os técnicos cogitam que o excesso de tratamentos contra a H. armigera tenha eliminado os inimigos naturais dessa segunda lagarta, que apareceu do meio para o final do ciclo.

Argino Bedin conta que pragas elevaram custos ao maior patamar já registrado.

Os produtores relatam que o número de aplicações de veneno deve dobrar até o final do ciclo, elevando os custos, que estariam passando de R$ 2,4 mil por hectare. “Este ano foi o maior custo de todos e isso não se recupera”, diz Argino Bedin, que planta 16,5 mil hectares de soja em Sorriso (Médio-Norte). “Para mim, essa H. armigera é mais complicada de controlar do que a ferrugem asiática [principal doença registrada na última década na sojicultura]”, compara o produtor Paulo Sachetti, de Itiquira. Para controlar o ataque das lagartas, fez seis aplicações de veneno.

“A falsa medideira se tornou a principal praga, porque é difícil alcançá-la. O jeito é usar inseticida fisiológico”, afirma o produtor Celso Dallastra, do mesmo município. Esse tipo de agroquímico promete controle em poucos dias. Logo após morder as folhas, a lagarta morre. “Por enquanto, não dá para dizer que as pragas e doenças causaram quebra de produtividade, mas não descartamos que isso ocorra até que os trabalhos sejam finalizados”, diz Angelo Ozelame, analista do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea).

Previsão de chuva além da média é válida para a segunda quinzena de fevereiro e para março em lavouras mato-grossenses.

Em encontro realizado com produtores no Oeste do estado, o agrometeorologista da Somar, Marco Antonio dos Santos, explica que o clima deve ser favorável à colheita nas próximas duas semanas, mas que ainda há risco de perdas regionais. “Teremos dias de chuva intercalados com períodos prolongados de sol. O grande problema fica para a segunda quinzena de fevereiro e a primeira de março, quando haverá um período de chuvas acima da média em todo o estado. As variedades mais tardias podem ser comprometidas”, detalha.

O aumento nos gastos do campo tende a ser compensado por produtividades acima da média. Sachetti, por exemplo, espera terminar de colher os 2,4 mil hectares de soja que têm no município de Itiquira com média de 3,6 mil quilos por hectare (60 sacas). “Se o preço se mantiver nos patamares atuais, de R$ 50 por saca, a minha renda média vai subir em relação ao ano passado”, acrescenta Edilson Piaia, que comprometeu 50% da produção antecipadamente.

Sorriso teme colher maior parte das lavouras sob enxurradas

Os produtores de Sorriso (Médio-Norte de Mato Grosso), a capital mundial da soja, chegam aos 10% de colheita da área de verão preocupados com as previsões climáticas. Na última semana, as chuvas passaram a cair com frequência e a tendência é que metade da área do município esteja pronta para ser colhida somente na segunda quinzena de fevereiro, para quando está previsto um volume de água acima da média na região.

Levantamento da Fundação MT revela que o acúmulo de chuvas de setembro a janeiro é de 1,4 mil milímetros e que a média mensal tem sido de 400 mm. O normal para o período é de 1,1 mil milímetros. “Este foi o mais chuvoso dos últimos 11 anos”, conclui Leandro Zancanaro, agrônomo da Fundação.

Os resultados obtidos com as primeiras colheitas em Sorriso, no entanto, são animadores. Os produtores relatam média de até 60 sacas por hectare, índice que atribuído à umidade e à luminosidade de dezembro, na fase de enchimento de grãos. As chuvas preocupam porque, além da umidade, a falta de luz é ruim para as plantas.

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