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O suinocultor Roelof Rab­­bers, de Castro, nos Campos Gerais, não irá utilizar o lucro obtido com a venda de soja para comprar um auto­­móvel zero quilometro neste ano. Enquanto observa a maioria dos vizinhos es­­pecializados no cultivo de grãos trocarem de carro, Rabbers destina o lucro dos 100 hectares de soja, milho e feijão, que mantém como alternativa à renda, para a granja de suínos. Essa é a única maneira que ele encontrou para amenizar os prejuízos com a produção da carne.

"[A crise na suinocultura] não pode demorar, caso contrário não vou conseguir aguentar o rojão", explica o produtor. "A suinocultura já foi muito boa e deu muito lucro. Essa é a es­­perança que move o setor", afirma o presidente da As­sociação Paranaense de Suinocultores (APS), Carlos Francisco Geesdorf.

Criador há 40 anos, Rab­­bers, que divide a administração da propriedade com a filha Luciane, está recebendo menos com a venda em relação ao que gasta para manter os animais. O custo, segundo ele, está em R$ 3 por quilo, sendo que recebe R$ 2,75 por quilo. "Isso que antes era R$ 1,70 por quilo", relembra. A diferença multiplicada pelo ciclo completo de produção de 550 matrizes mais o trabalho de engorda de 5,5 leitões a cada três meses resulta em um prejuízo considerável. "Já perdi muito dinheiro", reclama.

A cadeia da carne suína começou a ter problemas no início do ano passado. Para o setor, os vilões da crise são o milho e o farelo de soja, que representam 80% da alimentação dos suínos. De acordo com dados da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), o preço pago ao produtor foi de R$ 2,54 por quilo em agosto, o melhor do ano, mas que ainda não cobre o custo de produção.

Soluções

O setor articula algumas formas de diminuir o custo de produção e estancar a crise que afeta a cadeira da carne. A Associação Paranaense de Suinocultores está negociando a importação de milho do Paraguai para forne­­cer aos seus associados. "Mi­­lho tem aos montes no Brasil, mas está nas mãos das cooperativas e dos atravessadores. O governo está olhando apenas para as exportações e não avalia o peso social da suinocultura", aponta ao presidente da entidade.

Outra medida que pode ajudar os produtores de suínos dos Campos Gerais, um dos principais polos produtivos do Paraná, é a construção do frigorífico de suínos pelas cooperativas Castrolanda, de Castro, Batavo, de Carambeí, e a Capal, de Ponta Grossa. "Será uma esperança nova, pois teremos segurança na venda da produção, hoje repassada a atravessadores que diminuem o lucro", comemora Rabbers.

A previsão é de que a indústria comece as operações de cortes especiais e embutidos para atender ao mercado regional e até o internacional no próximo ano. Cinco municípios que criam cerca de 490 mil animais - Arapoti, Castro, Carambeí, Palmeira e Piraí do Sul – estarão próximos ao novo frigorífico e poderão contar com um cliente extra.

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