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Trigo continua sendo a principal aposta de inverno no PR e RS. Feira irá promover mais conhecimentos aos produtores que apostam na cultura. | Albari Rosa/Gazeta do Povo
Trigo continua sendo a principal aposta de inverno no PR e RS. Feira irá promover mais conhecimentos aos produtores que apostam na cultura.| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Olhando de fora, o momento não parece o ideal para a realização de uma feira relacionada às culturas de inverno. Por conta de intempéries climáticas, o Paraná, principal produtor de trigo do Brasil, deverá colher 3,6 milhões de toneladas, quebra de 10% rem relação a previsão inicial. Já o Rio Grande do Sul, segundo no ranking, as projeções são de que as geadas levaram 500 mil toneladas do cereal, reduzindo a safra gaúcha para a casa dos 2 milhões de toneladas.

O cenário adverso parece funcionar como um motivador extra para o WinterShow, feira técnica referência em culturas de inverno que começa nesta terça-feira (20) e segue até quinta-feira (22), no distrito de Entre Rios, em Guarapuava, no Centro-Sul do estado. De acordo com Leandro Bren, coordenador da Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária (Fapa), responsável pela organização do evento junto com a cooperativa Agrária, a WinterShow ocorre no momento ideal em função da quebra de produção nos dois estados da região Sul.

“Sem pesquisa não é possível produzir e ter qualidade. A feira é o local ideal para a Fapa repassar informações de qualidade para o público”, ressalta Bren. “Toda as tecnologias e pesquisas estarão disponíveis aos produtores”, complementa.

Lançamentos

Dentro do portfólio de produtos e serviços que será apresentado ao longo dos três dias, um dos destaques está na cultura da cevada. Por meio de um convênio internacional com uma entidade da Alemanha, a Fapa desenvolveu a cultivar ANA 1. A semente promete produtividade superior a encontrada no campo atualmente, além de maior resistência as doenças. “Já estará disponível para os produtores na próxima safra de inverno”, garante o coordenador da Fapa.

Objetivo é melhorar a qualidade da cevada para garantir mercado aos produtores.Antônio More/Gazeta do Povo

A nova cultivar vai de encontro a necessidade da Agrária, que está construindo a terceira torre da sua maltaria, a Agromalte, que fornece mais de 20% do malte usado pelas cervejarias brasileiras. Com a conclusão da obra prevista para 2016, a cooperativa irá precisar de mais matéria-prima. Atualmente, a capacidade de processamento da indústria é de 220 mil toneladas/ano de cevada.

No trigo, os lançamentos irão envolver materiais produtivos voltados para o mercado de panificação. A tecnologia busca atender uma necessidade do mercado. Diante dos constantes prejuízos registrados na cultura por conta do clima – Rio Grande do Sul também registrou queda na temporada passada – os triticultores precisam garantir mercado principalmente pela qualidade. “Qualidade precisa pesar mais que produtividade, pois garante fluidez do produto”, diz Bren.

Programação quer qualificar os padeiros das grandes cidades, para aumentar o consumo de trigo.Daniel Castellano/Gazeta do Povo

O presidente da Associação Brasileira da Indústria de Trigo (Abitrigo), Sergio Amaral, compartilha da necessidade de focar na excelência do produto. Segundo o executivo, parte da safra não é aceita pelo mercado, que procura trigo de melhor qualidade. “É preciso reconhecer que existe um esforço grande por parte dos produtores que ajudou a melhorar a qualidade do trigo, fato importante para sustentabilidade da cultura. Mesmo assim, parte da produção é exportada porque não atinge a qualidade exigida pelas industrias de panificação”, garante.

Diante deste desafio, a Abitrigo também está trabalhando na outra ponta da cadeia. Por meio de um programa nacional de qualificação dos padeiros, que teve como base o modelo implantado na Espanha, a entidade tem a intenção de aprimorar a panificação nos grandes centros urbanos.

Programação

Além dos lançamentos e dos produtos e serviços oferecidos pelos 68 expositores, a programação do WinterShow inclui palestras com especialistas. Somente a Fapa irá realizar sete estações. Os pesquisadores irão bordas temas como aveia, oleaginosas, trigo, fitopatologia, mecanização agrícola, entomologia e herbologia, cevada e fertilidade de solos.

Além de produtores, pesquisadores e cooperativas, feira tem atraido a atenção de estudantes ligados ao agronegócio.Divulgação

Também estão programadas duas palestras com o professor Mikael Neumann da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) sobre produção e uso de silagem de milho para nutrição animal. Completam a programação intensa o agrometeorologista da Embrapa Trigo Gilberto Rocca da Cunha, com a palestra “Gestão de riscos em agricultura: uso inteligente das previsões de tempo e clima – Safra 2015”, o economista Ricardo Amorim, que irá falar sobre “Brasil: antes, durante e depois das eleições”, e, por fim, o mestre e doutor em comunicação Dado Schneider com a apresentação “O mundo mudou bem na minha vez.”

Faturamento

Apesar do cenário de recessão na economia brasileira, a expectativa dos organizadores é repetir o faturamento da edição anterior. No ano passado, os negócios atingiram os R$ 5 milhões.

“Investimos mais de R$ 500 mil em estrutura. Temos muita tecnologia e pesquisa. Podemos alcançar essa cifra, até porque a WinterShow é o maior evento de cereal de inverno do país e atrai muitos produtores e empresas”, conclui Bren.

Confira a programação completa no site www.wintershow.com.br.

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