| Foto: CHRISTIAN RIZZI/CHRISTIAN RIZZI

Foi-se o tempo em que turismo rural era somente pescaria, passeios a cavalo e a fartura dos restaurantes coloniais. O ramo de atividade ganha cada vez mais setores especializados e um deles interessa principalmente ao agronegócio de alto rendimento. O turismo internacional agropecuário tem conquistado adeptos ano após ano e se consolida como um negócio capaz de faturar milhões, mas não só para as agências: os “turistas” também lucram.

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Júlio Bravo, proprietário da empresa de turismo agrícola Agrobravo, sediada em Curitiba, já levou mais de mil pessoas para os cinco continentes do planeta. Ele está no mercado desde 2008 e montou sua própria empresa há três anos. O faturamento começou com R$ 5 milhões e em dois anos cresceu 40%, alcançando R$ 7 milhões. “Ofereço viagens corporativas, voltadas para o mundo do agronegócio. Onde existe agricultura, já colocamos os pés. Temos na nossa lista 25 países agrícolas, nos cinco continentes”, conta.

Júlio Bravo: “Onde existe agricultura, já colocamos os pés. Temos na nossa lista 25 países agrícolas, em cinco continentes”, afirma. 
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O perfil de quem viaja, segundo Bravo, vai de médios a grandes produtores. Quem costuma organizar as viagens, no caso da empresa dele, são concessionárias de marcas de maquinários agrícolas. Cada cliente paga as suas despesas, a marca apenas organiza e convida os “turistas”. “O concessionário dessas empresas é quem nos contrata. Nós montamos o roteiro para eles, incluindo visitas às fábricas deles, a fazendas, centros de pesquisa e etc.”, explica. O gasto médio de uma viagem dessas para os Estados Unidos, por exemplo, fica entre US$ 3,5 a US$ 5 mil dólares (incluso almoço, janta e café, refeições e guias técnicos).

O engenheiro agrônomo e produtor rural Miguel Nedel, da cidade de Giruá, no Rio Grande do Sul, já conheceu a região produtora de grãos dos Estados Unidos e parte do mercado agrícola na China. E ele não pretende parar por aí. A cada ano que faz suas viagens, conta que acumula mais contatos e isso facilita o fechamento de negócios, que vão desde a compra de maquinários até a venda de seus produtos. “Ficamos vários dias juntos, então se cria uma amizade, e consequentemente negócios entre os participantes do tour”, diz.

Especialização é a chave do sucesso

Como a atividade é relativamente nova, ainda não há números específicos, mas a segmentação desse nicho é uma tendência. O presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagem, Pedro Kemp, enfatiza que a especialização dos agentes e estabelecimentos é um fator-chave para o sucesso de qualquer que seja o segmento turístico.

“Toda hora que eu me especializo em algo, vou ter mais conhecimento daquilo e do meu cliente. Se eu quero saber como funciona essa técnica de gotejamento em Israel, por exemplo. Quando você é um especialista no negócio, você tem muito mais conhecimento de como funciona”, explica. “É como você ir ao médico, um especialista na área vai ter muito mais conhecimento, vai saber exatamente o que fazer”, completa.