Um esforço para retomar a rotina

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Quase seis meses após o comunicado da suspeita de febre aftosa (21 de outubro), o Paraná tenta recuperar a rotina de feiras e leilões. A ameaça do baixo movimento e do conseqüente prejuízo financeiro fizeram com que muitos desses eventos foram cancelados. Entre os poucos que sobreviveram ao cenário desfavorável provocado pela conjuntura está a Exposição de Londrina, hoje um reduto sanitário da pecuária paranaense.

Os organizadores da feira, de responsabilidade da Sociedade Rural do Paraná (SRP), decidiram assumir o risco e encarar um verdadeiro desafio para mostrar que, apesar de tudo, ainda conseguimos manter a excelência pecuária na produção de carne e leite. Através da exposição, a entidade continua questionando o fato de o Ministério da Agricultura ter declarado sete propriedades do como focos da doença.

Esforços como esse, da Sociedade Rural, é que tem contribuído para que o setor não padeça. E o discurso, que em determinados momentos pode parecer político, ou então inócuo ao contexto internacional, também tem um efeito prático: uma feira, que poderia estar fadada ao fracasso, realiza 19 leilões e coloca em exposição perto de 9 mil animais, de 34 raças. O cenário de exuberância, que contrasta com uma realidade pouco favorável, revela que a crise é grave, causa prejuízo, mas que também é preciso vontade e disposição para sair dela.

Porém, infelizmente, não basta fazer a lição de casa. É claro que ajuda, mas ao invés do carimbo de inspeção federal, pelo menos até o final do ano o que nosso rebanho vai carregar é a marca da aftosa. Com o fim do abate nas fazendas declaradas como foco – foram sacrificadas 6.781 – , no dia 29 de março, a cadeia produtiva deu início à contagem regressiva para recuperar o status de área livre da doença.

Pelas normas da Organização Internacional de Saúde Animal (OIE) são necessários seis meses, ou 180 dias, para que o estado volte a ser atestado como território onde a aftosa foi controlada. Como também já se passaram seis meses desde o comunicado da suspeita, é certo que o estado ficará fora do mercado por no mínimo um ano.

Enquanto espera, o Paraná aproveita o tempo para refletir sobre o que realmente acontece no episódio febre aftosa. O problema é sanitário, político ou simplesmente foi mal conduzido? A resposta – se é que ela existe –, talvez tenha um pouco de cada um desses componentes, que cada elo da cadeia produtiva (incluindo Secretaria e Ministério da Agricultura) usa de acordo com a ocasião ou então conforme lhe for conveniente.

E não esqueçam, a primeira etapa da campanha de vacinação contra febre aftosa no Paraná ocorre em maio.