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O Paraná completa 153 anos em dezembro próximo. O maior surto de desenvolvimento do estado ocorreu no terço final dessa curta história. Não por acaso, esse é o período de vida da Empresa (hoje Instituto) Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater), que chega aos 50 anos no próximo dia 20.

Com seu exército de extensionistas – homens e mulheres –, a Emater levou a tecnologia e melhorou a qualidade de vida no campo paranaense nessas cinco décadas. Em meados dos anos 50, quando a instituição foi criada, o paranaense praticava uma agricultura de subsistência, que se resumia a derrubar o mato, queimar, plantar e colher.

Não se falava em adubação, calcário, sementes híbridas, controle de pragas e doenças. Muito menos em análise de solo, armazenagem correta da produção e respeito ao meio ambiente. As criações de animais serviam apenas para alimentar as famílias rurais, que viviam em casas desconfortáveis, sem energia elétrica, rádio, TV, chuveiro e vaso sanitário. Personificavam a imagem clássica do caipira: pobre, mal nutrido, doente, desinformado e triste.

Tudo isso mudou. Com apenas 2,3% do território nacional, o Paraná se transformou no líder nacional na produção de grãos, com cerca de um quarto do total colhido. É o maior produtor nacional de frangos e suínos, está entre as grandes bacias leiteiras e os mais tecnificados rebanhos bovinos. Merecidamente, ganhou o título de "celeiro do Brasil."

Primeiro em jipes, depois nos lendários Fuscas brancos, e hoje em carros mais modernos, os extensionistas cortam diariamente o Paraná, para levar o conhecimento até a lavoura, as criações, a casa do agricultor. Essa bem sucedida história começou com dinheiro norte-americano.

Nos anos 50, os Estados Unidos iniciaram uma campanha internacional, patrocinada pelas fundações Rockfeller e Ford, para melhorar a agricultura nos países subdesenvolvidos. O Brasil vivia o surto de desenvolvimento e urbanização do governo Juscelino Kubitschek. A idéia era modernizar o campo atuando no núcleo familiar do agricultor.

Por isso, as equipes dos Escritórios Técnicos de Agricultura (ETA Projeto 15) que resultaram do convênio, eram formadas por um casal: um agrônomo e uma extensionista em economia doméstica. Enquanto o homem difundia as boas práticas agropecuárias, a mulher ensinava à dona-de-casa noções de higiene, aproveitamento de alimentos, nutrição.

"Eles também levavam crédito. Faziam projetos técnicos de melhorias e os encaminhavam para financiamento", lembra Antonio Celso Córdova de Souza, gerente de Desenvolvimento e Tecnologia da Emater, há 33 anos na instituição. Hoje os extensionistas – agrônomos, veterinários, técnicos agrícolas, nutricionistas, assistentes sociais – vão ao campo sozinhos, mas ainda são o elo entre o pequeno agricultor e a tecnologia.

Nesses 50 anos, a Emater ajudou a melhorar a produtividade, a diversificação de atividades, as práticas agropecuárias e ambientais. "O Paraná deve à Emater o fato de praticar a agricultura mais moderna e ambientalmente correta do país", diz o senador Osmar Dias (PDT). Ele presidiu a instituição durante dois meses, nos anos 80, e foi secretário de Agricultura em dois governos – de seu irmão Alvaro Dias (87-91) e no primeiro mandato de Roberto Requião (91-94).

A atuação da Emater foi fundamental para o sucesso do Programa Paraná Rural, que conseguiu resgatar para a agricultura 7 milhões de hectares de terras férteis, ameaçados pela erosão e o desmatamento descontrolado. O programa de conservação do solo, estradas e fontes de água, com a construção de curvas de nível respeitando as microbacias, foi adotado como exemplo internacional pela Organização das Nações Unidas.

Outra iniciativa de grande resultado foi o estímulo ao cooperativismo. Extensionistas assessoraram as primeiras organizações do estado, conta João Paulo Koslowski, que atuou nessa função nos anos 60 e hoje preside a Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). O estado é modelo nacional em cooperativas agropecuárias, com 74 organizações. Espalhadas por todo o território, elas reúnem 110 mil agropecuaristas e respondem por 18% do Produto Interno Bruto (PIB) do estado.

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