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Com tecnologia, arroz, feijão (foto), batata-doce, mandioca, abóbora e trigo ficam mais nutirtivos. | Tarcila Viana / Divulgação
Com tecnologia, arroz, feijão (foto), batata-doce, mandioca, abóbora e trigo ficam mais nutirtivos.| Foto: Tarcila Viana / Divulgação

Os cultivares biofortificados vêm para serem alternativas aos cultivares convencionais com relação ao mercado de consumo

Marília Nutti,  pesquisadora da Embrapa

Até amanhã (1º), Curitiba será sede da 3ª edição da Conferência Latino-Americana de Cereal Brasil 2015 (LACC3), no ExpoUnimed. O evento coloca em pauta a ciência e tecnologia em produção e processamento de grãos, cereais e alimentos. Diante de uma programação variada, alguns debates envolvem temas inovadores, como a biofortificação de alimentos, processo de melhoramento genético convencional para aumentar o conteúdo de micronutrientes nas cultivares. De acordo com a pesquisadora da Embrapa Agroindústria de Alimentos, Marília Nutti, essa nova tecnologia eleva os teores de vitamina A, ferro e zinco, o que ajuda no combate a doenças como a anemia e a cegueira noturna. Confira o que a pesquisadora, palestrante do último dia do LACC3, antecipou para o caderno de Agronegócio da Gazeta do Povo.

Como ocorre o processo de aumento do conteúdo de micronutrientes das sementes?

A biofortificação consiste em um processo de cruzamento de plantas da mesma espécie, gerando cultivares mais nutritivos. Nesse processo não ocorre a incorporação de genes de outro organismo ao genoma da planta (transgenia). É necessário realizar repetidos cruzamentos até atingir o cultivar melhorado desejado.

Como é a viabilização comercial do projeto?

A partir do convênio firmado com instituições públicas, principalmente prefeituras, ramas e sementes biofortificadas são repassadas a agricultores responsáveis por realizar uma multiplicação desse material, ocasionando em uma futura venda dos alimentos para a alimentação escolar, através de programas como o PAA e o PNAE.

O custo da tecnologia vale o benefício na hora da venda do produto?

Os cultivares biofortificados vêm para serem alternativas aos cultivares convencionais com relação ao mercado de consumo. Além de possuírem altos índices de produtividade, são também de fácil adaptação, possuindo bons resultados de colheita, com safras acima da média mesmo enfrentado adversidades como chuva, seca e doenças.

Qual o ganho em produzir alimentos biofortificados?

As experiências com essas novas variedades mostram que os consumidores preferem alimentos biofortificados. Isso por apresentarem um gosto mais doce e mais macio. A coloração característica de cada um também é outro atrativo. Os estudos apontam que os consumidores que sabem da quantidade rica de micronutrientes presentes nos biofortificados tendem a ficar mais dispostos a consumir esses alimentos.

Semente biofortificada aumenta o rendimento da lavoura?

Pesquisas demonstram que altos níveis de ferro, zinco e pró-vitamina A em sementes contribuem para a nutrição da própria planta, gerando uma produtividade maior.

Como está o desenvolvimento desta tecnologia no Brasil? E no Paraná?

A prioridade é Maranhão e Sergipe. Esta seleção não foi aleatória, uma vez que estes estados apresentam os mais baixos Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do país. No Paraná, as ações estão concentradas em Cascavel, onde materiais biofortificados são repassados a produtores e multiplicadores.

Existe plano de introduzir a tecnologia na soja?

O foco está no melhoramento de alimentos que compõem a cesta básica de regiões com índices consideráveis de deficiência alimentar.

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