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Com a colheita que se intensifica em Mato Grosso e Paraná e avança em outras regiões produtoras do país, pode-se dizer que o ano começou de fato para o agronegócio brasileiro. Já é possível avaliar o desempenho das lavouras dentro da porteira e o impacto que a safra de verão trará à economia do país. As primeiras notícias, que vêm do campo e do mercado, não são lá muito animadoras. Com produção e cotação em queda, 2015 anuncia que será desafiador à agricultura. Ao contrário da cadeia produtiva das carnes, que se beneficia de um cenário internacional extremamente favorável, os estoques mundiais de grãos deprimem os preços e tiram a liquidez das principais commodities no pelo Brasil.

No ciclo 2014/15, o mundo agrícola experimenta uma combinação que afeta ainda mais a relação de oferta e demanda, preço e rentabilidade a nível global. Pela primeira vez na história do agronegócio mundial – desde 1966, quando teve início a série histórica de acompanhamento do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) –, soja, milho e trigo têm safras recordes em uma mesma temporada, o que faz aumentar sobremaneira o volume disponível no planeta. Os estoques estão mais do que confortáveis, a produção cresce mais do que o consumo e coloca em risco não apenas a liquidez como a sustentabilidade e racionalidade econômica da atividade.

Isso não significa que é preciso parar de produzir ou então que o setor vai parar de crescer. Vamos continuar crescendo, mas de uma maneira mais orgânica, a taxas mais adequadas e cada vez mais em sintonia com a demanda. O setor precisa entender que não dá mais para avançar, seja em área ou em produção, na mesma média verificada na última década. Margem e rentabilidade têm outras variáveis que vão além da escala. Como nunca o produtor brasileiro terá de acompanhar e entender a demanda. No mesmo ritmo em que aumenta o consumo é que deve aumentar a produção. É preciso lembrar a cada instante que somos um país exportador. E que o mercado lá fora tem tamanho e limite.

Também não há motivo para desespero. Como um fornecedor seguro e tradicional, o Brasil tem espaço garantido no comércio internacional. O que não será mais permitido é produzir mais do que é possível vender. É aumentar a produção no ritmo alucinante das últimas temporadas. A se confirmar 2014/15, nos últimos seis anos a produção brasileira total de grãos terá aumentado em 70 milhões de toneladas. Quase 12 milhões de toneladas ao ano. O Brasil de certa forma já vem fazendo isso. Na safra 2012/13 a produção foi de 185 milhões de toneladas, incríveis 20 milhões de toneladas a mais que no ciclo anterior. Em 2013/14 a variação foi de 10 milhões e, agora, em 2014/15 o incremento deve ficar em torno de 4 milhões de toneladas.

Na safra atual, em fase inicial de colheita, a maior ou única variação positiva deve ocorrer na soja. Mesmo não atingido todo o potencial produtivo inicialmente estimado, de 96,1 milhões de toneladas, o país deve ter um volume recorde, acima de 93 milhões de toneladas. Apesar da produção relativamente menor, as cotações não conseguem reagir. Em Chicago, a soja flutua entre US$ 9 e US$ 10/ bushel. Nas praças de Sorriso (MT) e Cascavel (PR), em torno de R$ 47 e R$ 54/saca, respectivamente.

Termômetro

Outra referência de que o ano começou e também da economia do agronegócio é o Show Rural Coopavel, a maior feira de tecnologia agrícola do Brasil. Antes mesmo de começar – vai de 2 a 6 de fevereiro –, organizadores e expositores já admitiam um movimento financeiro menor que no ano passado. O problema não está com a tecnologia agronômica. Crédito junto aos agentes financeiros também não falta. A expectativa nada otimista vem do setor de mecanização. Depois de passar uma década renovando seu parque de máquinas e com o atual preço da soja e milho em baixa, o produtor não estaria comprando nem enxada, quem dirá trator e colheitadeira.

De qualquer forma, o Show Rural deve reunir mais de 200 mil pessoas. Todas em busca de informação e tecnologia. E se os negócios não acontecerem a contento, não tenho dúvida de que será um importante espaço para discussão sobre as perspectivas do setor, no campo e no mercado.

Encontro de produtores

E na linha de levar informação e debate, por conta do Show Rural a Expedição Safra reúne hoje à noite um grupo de produtores e representantes de outros elos da cadeia produtiva para um encontro técnico e de relacionamento. Será em Catanduvas, próximo a Cascavel, na propriedade de Ari Marcolin. Na ocasião, jornalistas e técnicos das empresas parceiras da Expedição apresentam um panorama da safra 2014/15 com base na sondagem de campo do projeto, que do plantio à colheita percorre 16 estados brasileiros.

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