Final do ano também é tempo de fazer as contas de desempenho de alguns dos principais indicadores de fortalecimento ou enfraquecimento da economia brasileira. E por pouco não teremos um ano de recessão. Os números do Produto Interno Bruto (PIB) e da balança comercial não são nada animadores. O país não encolheu, mas também não cresceu. Um cenário onde o agronegócio continua o sendo o fiel da balança, embora já não tenha tanto fôlego para garantir média positiva à economia nacional. Talvez um dos únicos, se não for o único, segmento com viés de alta na geração de riquezas no país.

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Contudo, pela primeira vez em 14 anos o saldo do agronegócio não será suficiente para cobrir rombo deixado pelos outros setores da economia na balança comercial brasileira. Mas o problema não está no agro, cuja previsão é terminar 2014 com um superávit em torno de US$ 80 bilhões. O resultado negativo, que a duas semanas do final do ano segue estimado em mais de US$ 5 bilhões, virá do fraco desempenho dos outros segmentos. O cenário então não é dos melhores ao comércio internacional brasileiro. Mas poderia ser ainda pior, não fosse a expressiva contribuição que vem do campo.

Transformada em números e divisas, a balança do agronegócio traduz uma vocação natural do país. Dos 20 principais itens da pauta de exportação do Brasil, 15 são do agronegócio. A liderança vem do complexo soja (grão, farelo e óleo) e das carnes (frango, bovino e suíno) que juntos respondem por quase 25% do faturamento com os embarques. Da pauta não agro figuram nesse ranking o minério de ferro, petróleo bruto, óleos comestíveis, ferro e aço e laminados planos. Entre os dez primeiros produtos mais exportados aparecem ainda açúcar bruto, café e celulose.

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No ano passado a balança comercial registrou superávit de US$ 2,56 bilhões.

Agro evita o pior

Os números da balança comercial não deixam de ser um reflexo da economia interna do agronegócio. Cálculos do Cepea, o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da Universidade de São Paulo (USP), apontam para um crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) do agronegócio de 2,6% neste ano. O incremento é menor que as previsões entre 3% e 4% feitas por entidades públicas e privadas, como O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). Ainda assim, vai ficar muito acima do crescimento do PIB nacional, que a depender da fonte deve variar entre 0,5% e 0,8%.

Ainda segundo o Cepea, nos dois períodos, tanto em 2014 como para 2015, o resultado será puxado pelos indicadores do lado dentro da porteira. É o segmento primário, que cresce na medida em que cresce o Valor Bruto da Produção Agropecuária (VBP). Oportunidade e risco, com concentração e baixo valor agregado. Exemplo bastante peculiar está na soja, com mais da metade da produção sendo exportada em grão. No contexto nacional, a oleaginosa deve responder em 2014 por mais de 18% do VBP do agronegócio, com uma fatia de R$ 84 bilhões dos mais de R$ 460 bilhões previstos para este ano. Isso no Brasil. No Paraná esse porcentual vai a 29%, ou R$ 14 bilhões dos mais de R$ 48 bilhões projetados.

Condição em 2015

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Portanto, não apenas a soja como o agronegócio de um modo geral, assim como em 2014 e 2015, será a condição à economia brasileira. Com uma contribuição que pode sustentar ligeira expansão ou pelo menos evitar a retração do PIB nacional. No ano que termina, perto de ¼ do PIB brasileiro e 1/3 do índice no Paraná serão sustentados pelo campo. Das exportações nacionais, mais de 40% saíram do agronegócio. Enquanto que dos embarques paranaenses, mais de 70% terão essa origem.