A implantação do Código Florestal esbarra em questões técnicas e também na dificuldade do governo e das entidades envolvidas com o agronegócio na hora de mobilizar os proprietários de imóveis rurais, mostra a edição de hoje do Agronegócio. Não se trata de má vontade ou falta de consciência a respeito da importância da preservação ambiental para a própria produção de alimentos, mas da inércia que prevalece quando a missão é fazer com que mais de 500 mil cadastros sejam realizados dentro de um ano só no Paraná.
Por outro lado, boa parte dos problemas era previsível. Falta orientação dirigida e persistência no esclarecimento do passo a passo traçado para a implantação da nova legislação. Os produtores sabem que a lei estava em discussão e que houve mudança. Foram informados de que todos, sem exceção, terão de cadastrar ou recadastrar seus imóveis. Mas, por outro lado, não ficou muito claro a quem recorrer ou qual o procedimento padrão.
Os sindicatos estão difundindo informação, mas não são os principais responsáveis pela implantação do Código Florestal. Dois meses se passaram e ainda não ficou clara como vai funcionar e quem vai liderar a rede de implantação, que inclui prefeituras e órgãos ambientais. Num momento de mudanças significativas e tantas vozes, como esperar uma postura proativa dos produtores?
A reportagem verificou que muitos proprietários temem um arrastão fiscal. Por enquanto, não há indícios de que essa será a estratégia para implantação do Código Florestal. Pelo contrário. Com a estrutura insuficiente e a fraca movimentação em torno do assunto, a impressão que se tem é que todos já sabem que o prazo de um ano para cadastramento terá de ser prorrogado.
Se sucessivas prorrogações ocorrerem, a impressão que vai ficar, mais uma vez, é que o agronegócio resiste à preservação ambiental. Ou seja, o setor levará parte da culpa do planejamento equivocado e terá de carregar a obrigação de cadastrar cada imóvel, regular ou irregular, por anos a fio.
Deixe sua opinião