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O volume recorde de grãos que vem sendo registrado na zona núcleo de produção da Argentina é a salvação para esta temporada, relatam os agricultores da região. Além da queda nos preços da soja e do milho, a agricultura do país vizinho arca com “retenciones” que chegam a 35% do valor da produção e tem sua renda corroída por inflação estimada informalmente em 30% ao ano. O quadro, assunto de capa da edição desta terça-feira do Agronegócio, foi levantado pela Expedição Safra Gazeta do Povo, em viagem de 4,5 mil quilômetros pelos pampas, e compõe um paralelo interessante ante a conjuntura da agricultura brasileira.

No Brasil, não há cobrança de retenção sobre as exportações. Além disso, as cotações da soja e do milho tiveram o impacto da queda internacional reduzido pela desvalorização do real. Em dólar, as commodities perderam até 30% de seu valor. Mas, em real, esse recuo fica em 5% na soja e 7% no milho, mostra o histórico de preços médios do Paraná alimentado pelo Departamento de Economia Rural (Deral). Esse cenário revela que, neste momento, o produtor paranaense (e o brasileiro) tem muito mais chance de aferir margem positiva do que o argentino, mesmo que não alcance as marcas históricas de 5 mil quilos de soja por hectare atingidas na região de Rosário.

Por um outro lado, o mesmo cenário que oferece um preço menos apertado ao produtor brasileiro anuncia custos também mais elevados. Um produtor argentino consegue cultivar um hectare de soja com US$ 400, enquanto o brasileiro precisa de US$ 800, pela necessidade maior de fertilizante ou defensivos. E, exatamente como ocorre nas cotações dos grãos, o preço dos insumos é automaticamente inflado pelo câmbio no Brasil. Ou seja, os gastos em 2015/16 devem ser maiores por aqui, mesmo que produtores norte-americanos, argentinos ou paraguaios registrem economia.

Dessa forma, as 58,5 milhões de toneladas de soja colhidas na Argentina e as 94 milhões de toneladas do Brasil – num ano de fartura no campo – chegam como alento ao setor. O melhor dos mundos é produzir muito num ano de preços altos. Mas o pior seria produzir menos numa época de cotações apertadas.

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