• Carregando...
 | Reprodução/Internet
| Foto: Reprodução/Internet

O Carnaval é só no fim de fevereiro, mas isso não impediu que a festa popular ganhasse os holofotes e tenha se tornado um dos assuntos mais comentados ao longo da última semana. A polêmica em questão está no desfile da escola carioca Imperatriz Leopoldinense, que, neste ano, vai levar à Sapucaí o samba-enredo ‘Xingu, o clamor que vem da floresta’.

A letra enaltece a cultura indígena e faz referência àquilo que, para o grupo, tem destruído as florestas do Parque Nacional do Xingu, ao norte de Mato Grosso, como os “Fazendeiros e seus Agrotóxicos”. A expressão vem entre aspas porque assim foi intitulada uma das alas do desfile, o que mostra, no mínimo, incrível falta de bom senso à agremiação para tratar do assunto. Não à toa, a reação do setor foi correta e imediata, com uma enxurrada de críticas ao enredo.

A Federação da Agricultura do Estado do Paraná (FAEP) considerou o samba um “insulto” e classificou os autores como “analfabetos em matéria de produção agropecuária”. Já o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA) do Paraná reforçou que os produtos utilizados pelo agronegócio são rigorosamente testados e que, sem esse conhecimento, a escola “passa uma imagem distorcida da realidade e acaba prestando um desserviço ao Brasil”.

Explicações

Como novidade, um dos integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária no Congresso Nacional, o senador Ronaldo Caiado (DEM) vai propor uma comissão temática em Brasília para debater o assunto. A ideia é convidar integrantes da Imperatriz a se explicarem, além de investigar as fontes de financiamento da escola, que atravessou o samba no momento em que generalizou.

Quando se fala em “Fazendeiros e seus Agrotóxicos”, de forma solta e aleatória, significa colocar, na mesma ala, aqueles poucos que não respeitam as normas ao lado da imensa maioria que ajuda a preservar o meio ambiente. São os produtores rurais que cuidam das nascentes dos rios, que fizeram do Brasil referência no plantio direto na palha, técnica de cultivo sustentável que garante a saúde do solo imitando, veja só, a própria natureza. Poucos países do mundo preservam tanto quanto o Brasil.

Em tese, é o equivalente a afirmar que Carnaval é desperdício de dinheiro público, que se gasta na avenida o que não se investe em educação e saúde, isto é, ignorando o componente cultural que faz parte da identidade do brasileiro e que também ajuda a movimentar as economias locais durante os dias de festa.

É verdade que, se, por um lado, a Imperatriz Leopoldinense errou e isso tem que ficar claro, por outro, houve gente do outro lado que também perdeu a linha. Uma apresentadora de TV em Mato Grosso defendeu que, para preservar a cultura indígena, só se for um “índio original”: “ele não pode ter acesso à tecnologia que nós temos. Ele vai ter que morrer de malária, de tétano, do parto. É a natureza”.

É claro que esse tipo de pensamento está equivocado. Seria o mesmo que dizer que, para valorizar a tradição rural, o produtor, a partir de hoje, teria que voltar a usar enxada e nada mais. Que o carnaval carioca pode não conhecer a verdadeira realidade do campo, isso ficou evidente. Cabe a nós, trabalhadores do agronegócio, o discernimento e a paciência necessária para mostrar a importância, a consciência e a responsabilidade que o setor carrega.

Diz o ditado que todo Carnaval tem seu fim. Que em 2017 fique o aprendizado depois da folia.

Expedição Safra

A partir do dia 20, a Expedição Safra Gazeta do Povo volta ao campo para monitorar a colheita histórica que o Brasil cultiva desde setembro. A produção brasileira de grãos é estimada em 215 milhões de toneladas pelo projeto técnico-jornalístico (100 mi de soja, 82 mi de milho e 33 mi de outras culturas).

Os trabalhos começam no Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, maior produtor nacional. Em seguida, as equipes percorrem as regiões Sul, Sudeste e o Matopiba (polo agrícola que envolve os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que está se preparado para a retomada, depois de quatro anos de perdas na lavoura. Ao todo, a segunda etapa do projeto vai percorrer 16 estados, além do Paraguai, Argentina e Uruguai. Acompanhe no www.expedicaosafra.com.br todos os detalhes das viagens.

* Flávio Bernardes e Gabriel Azevedo, interinos

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]