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Área de soja irrigada em Barreiras, no Oeste da Bahia. Terras extensas, planas e mais baratas atraem agricultores do Sul |
Área de soja irrigada em Barreiras, no Oeste da Bahia. Terras extensas, planas e mais baratas atraem agricultores do Sul| Foto:

A expansão da soja seguiu movimentos migratórios de agricultores do Sul para o Centro-Oeste e o Centro-Norte do país. Esses fenômenos têm origem nas dificuldades que os colonos enfrentavam nas terras mais antigas do país e demarcam a história da oleaginosa.

Os imigrantes começaram a subir o mapa do Brasil logo que a soja surgiu no Noroeste gaúcho, relata o historiador Jean Roche — que estudou a inserção de agricultores alemães no Brasil. Por volta de 1915, começava a faltar terra agricultável no Rio Grande do Sul, aponta, e os colonos partiram rumo a Santa Catarina.

Nos anos 1920, o Sudoeste do Paraná recebia famílias de descendentes italianos e alemães vindas do Rio Grande do Sul, conta João David Folador, que pesquisa e escreve sobre o assunto. O movimento seria contínuo e marcaria a chegada da soja nas décadas seguintes.

Depois de ganhar o Oeste paranaense, nas décadas de 1950 e 1960 a oleaginosa seguiria para Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, hoje maior produtor nacional, responsável por 30% da colheita.

O último movimento do gênero formou o polo de produção de soja conhecido como Matopiba, que soma lavouras de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia e responde por aproximadamente 10% da safra nacional. Terras mais baratas que as do Centro-Oeste atraem produtores a comunidades em construção.

Não há um levantamento sobre quantos produtores migraram para formar novos polos de produção de soja. A migração contínua dificulta recortes temporais ou quantitativos, conforme os historiadores. A constatação, no entanto, é que a maioria dos produtores dessas regiões identifica-se como de origem gaúcha, catarinense ou paranaense.

Esse movimento migratório, alimentado pela soja, fica à sombra de outros registros também pautados por atividades econômicas. No século 18, quando Minas Gerais vivia o ciclo da mineração, a população litorânea foi atraída para o interior. No século 19, o país registrou o fluxo de escravos do Nordeste para plantações de café de São Paulo e Rio de Janeiro. Em meados do século passado, a construção de Brasília levou à formação de centros urbanos no coração do país. Nas últimas décadas, centros de emprego do Sudeste e do Sul atraem trabalhadores de regiões mais pobres.  A expansão da fronteira agrícola, no entanto, marca o movimento mais longo, que ainda não foi encerrado.

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