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| Foto: Josa© Teixeira / Gazeta Do Povo

“Claro que sim”, garante Edmil­-ton Lemos. Superintendente de Ope­rações Lácteas da Castrolanda/Batavo, ele é o responsável pelo gerenciamento das duas indústrias instaladas pelas cooperativas. Na comercialização, atuam juntas desde 2011. Cada uma com sua unidade industrial, elas têm capacidade para receber, por dia, 2 milhões de litros de leite. Atualmente, compram 1,2 milhão de litros diariamente, volume já acima do produzido nos 14 municípios da região que o IBGE chama de Centro-Oriental: 880 mil l/dia (2011).

O potencial da região como centro de produção e de comércio de leite vai além disso, apostam as empresas, que devem inaugurar juntas uma terceira indústria em Itapetininga (SP). Lemos explica que a maior parte da matéria-prima, inclusive o leite que vai abastecer a planta paulista, será originada nos Campos Gerais.

“Hoje temos 700 mil litros/dia que não são processados nas nossas indústrias e que são vendidos para outros estados in natura”, afirma, levando em conta o volume comprado de cooperativas de outras regiões. “É justamente esse volume que vai alimentar a fábrica paulista na primeira fase do projeto.”

Nos Campos Gerais, as indústrias começaram processando 800 mil litros diários – 400 mil na unidade de beneficiamento da Castrolanda, em 2008, e 400 mil na unidade da Batavo (Frísia), em 2011. Isso significa que a recepção foi ampliada em 50% nos últimos anos. Sobra cada vez menos leite para a BR Foods, que não vem concedendo entrevistas sobre as ati­vidades de sua indústria em Carambeí.

A UBL que será inaugurada no primeiro trimestre do ano que vem em Itapetininga (SP) terá capacidade para 2 milhões de litros por dia. Abrirá as portas operando 700 mil litros ao dia e, à medida que for ganhando ritmo, poderá esgotar o leite disponível nos Campos Gerais.

“O Paraná é um estado exportador de leite. E nos Campos Gerais não é diferente”, crava Henrique Junqueira, gerente de Leite da Castrolanda e coordenador do Pool ABC do Leite. A região compra e vende estrategicamente. Cerca de 10% do leite cru que é processado nas unidades industriais de Castro e Ponta Grossa são captados em outras regiões. Os cooperados da Castrolanda e da Batavo originam 78% da matéria-prima. O restante – perto de 260 mil litros/dia – vem de outras cinco cooperativas que integram o Pool. Os principais clientes do leite industrializado são de São Paulo e Minas Gerais.

Pool tomou lugar da antiga CCLPL

Criado no ano 2000, o Pool ABC do Leite resgatou a estratégia de comercialização coletiva da produção dos associados das cooperativas Batavo e Castrolanda. Houve desarticulação depois que as empresas desfizeram a antiga Cooperativa Central de Laticínios do Paraná, que vendeu a marca Batavo para a Perdigão (veja cronologia ao lado). “Foi uma consequência natural do fim da CCLPL. Com o Pool, as duas cooperativas se libertaram da obrigação de vender seu leite todo para a Perdigão”, explica Henrique Junqueira, coordenador do Pool. Hoje o programa envolve também coleta, transporte, controle de qualidade e planejamento da produção.

• 1925

Imigrantes fundam a Sociedade Cooperativa Hollandesa de Laticínios, atual Batavo. Outros grupos criam a Castrolanda em 1951 e a Capal em 1960.

• 1954

Batavo e Castrolanda se unem para formar a Cooperativa Central de Laticínios do Paraná (CCLPL), que se populariza com a marca Batavo.

• 1998

Para garantir investimentos, CCLPL abre capital e ganha sócios italianos. Parmalat assume o controle acionário (51%) e cria a Batávia.

• 2000

Cooperativas tentam recuperar poder de barganha e passam a vender leite para novos clientes. Surge aí o Pool ABC do Leite.

• 2004

Após a falência da Parmalat na Itália, cooperativas ganham na Justiça o controle acionário da Batávia. CCLPL assume ações da empresa italiana.

• 2006

Seis anos depois de comprar divisão de carnes da Batávia, a Perdigão adquire ações que pertenciam à Parmalat e ganha controle também dos lácteos.

• 2007

Capal, Batavo e Castrolanda decidem desfazer a CCLPL, que foi vendida na sua totalidade à Perdigão. Cooperativas ficam sem indústrias.

• 2008

Castrolanda abre Unidade de Beneficiamento de Leite (UBL) em Castro. Três anos depois, a cooperativa Batavo inaugura sua planta em Ponta Grossa.

• 2009

Perdigão anuncia fusão com a Sadia criando a Brasil Foods. Marca Batavo tem alguns produtos suspensos por quatro anos pelo Cade.

• 2013

Castrolanda e Batavo anunciam investimento de R$ 120 milhões em usina de leite fora do Paraná. Planta de Itapetininga (SP) deve operar em 2014.

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