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Fatores como religião e senso de comunidade foram determinantes, aponta Dick de Geus. |
Fatores como religião e senso de comunidade foram determinantes, aponta Dick de Geus.| Foto:

O faturamento bruto das cooperativas paranaenses equivale ao orçamento que o governo estadual dispõe para pagamento do funcionalismo, educação, saúde, segurança pública e outras áreas. As empresas do setor movimentam R$ 50,5 bilhões ao ano no comércio de produtos da agropecuária e nas atividades agroindustriais – e traçam planos para chegar a R$ 100 bilhões.Essas cifras, a estrutura de produção e a rede de mais de 1 milhão de cooperados tornam o Paraná referência em cooperativismo. Um quadro que se consolidou nas últimas décadas pela constante evolução do setor, que hoje gera 1,7 milhão de empregos. No entanto, esse diferencial está ligado ao próprio perfil do estado, de acordo com os especialistas.

O fato de a grande maioria das propriedades ter menos de 100 hectares é decisivo, aponta o diretor-presidente do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social (Ipardes), Julio Suzuki. “Para ganhar em escala, foi preciso que os pequenos produtores se organizassem. Juntou, então, o contexto territorial com o capital humano”, aponta.

Os primeiros imigrantes “eram pessoas que sabiam fazer”, acrescenta. Grupos de imigrantes como os alemães que montaram a cooperativa Witmarsum, em Palmeira (Campos Gerais), “tinham o capital humano necessário para fazer o empreendimento prosperar”, avalia. Outros grupos trouxeram a cultura do cooperativismo de seus países de origem, caso dos holandeses que se chegaram a Carambeí e posteriormente fundaram a Batavo, na mesma região.

O fato de as colônias terem persistido e inspirado cooperativas de diversas etnias e religiões não diminui a importância dos fatores culturais. “Nós nos apoiamos em três pilares: comunidade, religião e família”, afirma Franke Dijkstra, ex-presidente da Batavo e descendente dos primeiros imigrantes que fundaram a cooperativa. Ele e Dick de Geus, também ex-presidente da Batavo, acreditam que a ética de trabalho protestante, o senso de comunidade e de bem comum ajudaram a moldar o cooperativismo em Carambeí e que parte desse pensamento se espalhou pelo sistema.

“O Paraná é referência mundial na competência das cooperativas do estado, como também acolhe o respeito de toda a comunidade de pensadores da Organização das Nações Unidas pelo pioneirismo e liderança de métodos de sustentabilidade integrada ao pragmatismo do cooperativismo”, afirma o professor de agronegócio Carlos Alberto Decotelli, do Instituto Superior de Administração e Economia do Mercosul (ISAE). O estado combina aumento do PIB com ganho de produtividade, destaca.

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