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Produtores reduziram produção após queda de preços registrada no ano passado. Cotações se recuperaram mas podem sofrer nova pressão com boa safra nos EUA | Marcelo Andrade/gazeta Do Povo
Produtores reduziram produção após queda de preços registrada no ano passado. Cotações se recuperaram mas podem sofrer nova pressão com boa safra nos EUA| Foto: Marcelo Andrade/gazeta Do Povo

A queda de mais de 20% nos preços do milho entre março e dezembro do ano passado, provocada por um excesso de oferta do grão, fez os produtores brasileiros pisarem no freio no cultivo de inverno deste ano. A segunda safra do cereal, que em 2013 foi recorde, cai 4% em área no país, para 8,5 milhões de hectares, conforme estimativa do Agronegócio Gazeta do Povo. Mesmo assim, o país vive um momento de fartura.

Com espaço menor e boa produtividade, a colheita de inverno deve ficar acima de 41 milhões de toneladas. Somando a safra de verão, o país deve colher mais de 75 milhões de toneladas do produto na temporada 2013/14. São 6 milhões (t) a menos do que na temporada passada, mas ainda assim um volume 25% maior do que a média dos últimos anos.

A colheita de inverno começa a chegar ao mercado ainda neste mês, e com preços 20% mais altos em relação à mesma época do ano passado. No Paraná, a saca de 60 quilos vale mais de R$ 23, contra média de R$ 19 praticada em maio de 2013, conforme o Departamento de Economia Rural (Deral).

A valorização recente do produto no mercado doméstico é uma resposta à redução da área plantada no país, mas, principalmente, nos Estados Unidos. Lá, o milho perde ao menos 1.5 milhões de hectares neste ciclo. Ainda assim, a previsão é que os norte-americanos retirem dos campos mais de 355 milhões de toneladas da commodity. “A  área deste ano, mesmo reduzida frente à do ano passado, ainda está entre as cinco maiores de milho da história dos EUA”, comenta Pedro Dejneka, sócio-diretor da PHDerivativos, de Chicago.

“O milho já recuperou boa parte do preço perdido no ano passado. Mas, agora, o mercado está buscando um ponto de equilíbrio em torno de US$ 5 por bushel. Para subir mais, é preciso haver quebra em algum lugar”, acrescenta o analista da Cerealpar, Steve Cachia.

Preços seguirão novos parâmetros no 2º semestre

O preço do milho deve ter nova configuração no segundo semestre deste ano. E a tendência é de que baixa para as cotações por influência da safra norte-americana, segundo os analistas. “Existe uma forte possibilidade de que a área real de plantio de milho seja maior do que a anunciada no final de março pelo Usda [o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos]”, aponta Pedro Dejneka, da PHDerivativos.

Paraná e Mato Grosso, dois maiores produtores de milho de inverno do Brasil, adotam estratégia de venda mais conservadora neste ano. Os produtores esperam ter o produto, de alto risco, nas mãos para depois comercializar. Levantamentos do Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária  (Imea) e da Secretaria da Agricultura e do Abastecimento do Paraná (Seab) mostram que perto de 80% da safra do estado do Centro-Oeste e 90% da paranaense ainda serão comercializados. Uma estratégia que tem contribuído para segurar os preços acima dos custos.

Concorrência cresce nas exportações

Os embarques brasileiros de milho – projetados em 20 milhões de toneladas em 2014, com recuo de 23% sobre 2013 – competem diretamente com os dos Estados Unidos, da Argentina e também da Ucrânia. Os EUA devem abocanhar 37% das exportações mundiais com 44,4 milhões de toneladas. O vizinho sul-americano fica com 13,5%, se mantiver a média de 16 milhões de t, e o país europeu tende a alcançar 18%, com 19 milhões de t, volume 3,5 vezes maior que o de cinco anos atrás. A Ucrânia triplicou sua produção do cereal, gerando excedente para exportar. “Caso a situação entre Ucrânia e Rússia volte a estressar o mercado de grãos (milho e trigo), o mercado internacional deve ter sustentação pelos receios de paralisação do fluxo comercial do Mar Negro. Com isso, o Brasil pode pegar um pedaço dessa demanda”, pontua Stefan Tomkiw, da The Jefferies Bache, de Nova York. A demanda da China, que confirmou acordo fitossanitário com o Brasil, também deve ser disputada pelos exportadores, afirmam os analistas. “O mundo está lotado de milho e os maiores mercados exportadores estarão todos concorrendo entre si”, pondera Pedro Dejneka, da PH Derivativos.

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