Se nos Estados Unidos a política de incentivo ao consumo de grãos para geração de energia atinge um teto, no Brasil ela está apenas começando. Com a retomada da produção e dos estoques nacionais, um volume maior de soja e milho deve ser destinado à fabricação de biodiesel e também de etanol combustível, preveem os especialistas e investidores.
“A demanda por combustível cresce muito forte no Brasil e a tendência é que o governo aumente a mistura de biodiesel no diesel. O setor espera isso há anos e parece que agora estamos mais perto da concretização por conta da escala na produção”, afirma Thadeu Silva, diretor do Departamento de Inteligência de Mercado da INTL FCStone.
Hoje, com a legislação B5, mistura-se 5% de biodiesel ao diesel, o que demanda, ao ano, cerca de 4 milhões de toneladas de soja – matéria-prima mais usada. Se houver aumento da mistura para B7, a tendência é que o volume salte 2 milhões e alcance 6 milhões de toneladas anuais.
A produção de biodiesel cresce a passos largos no Brasil. Em 2013, foram fabricados 2,9 bilhões de litros, 10% a mais do que no ano anterior. Mas a taxa média de crescimento tem sido de 4% a 5% ao ano. “Se houver acréscimo na mistura de biodiesel, aumentará o esmagamento de soja”, avalia o executivo da FCStone.
Outro mercado que tem futuro no Brasil é o etanol a partir de milho. A produção do cereal vem crescendo além da demanda interna, o que reduz os preços pagos aos produtores e torna o grão competitivo em relação à cana, como acontece em Mato Grosso. Essa tendência deve ter impacto sobre a matriz energética nos próximos três ou quatro anos.
Novidade para o milho
Os programas de biocombustíveis se caracterizam pela flexibilidade na produção. Tradicional nos Estados Unidos, o uso de milho na fabricação de etanol ainda é novidade no Brasil.
•Cana ou milho
Duas destilarias de Mato Grosso (Usimat e Libra) monitoram o mercado e, dependendo dos preços do milho e da cana, optam pelo cereal como matéria-prima. O uso de grão na produção de combustível consumiu apenas 200 mil toneladas em 2013 (três navios e meio de carga). Em 2014, esse volume deve dobrar. O país prefere a cana, cuja colheita deve passar de 615 milhões de toneladas em 2014/15 para produção de açúcar e combustível.
•Interesse
Em 2013, a pedido de investidores, INTLC FCStone elaborou um estudo de viabilidade econômica de usinas flex de etanol. Após o lançamento do estudo, seis investidores brasileiros buscaram a empresa e se mostraram interessados em apostar na ideia, conta o executivo Thadeu Silva. “Os projetos interessam cooperativas de Mato Grosso, empresas que já têm esmagadora de soja e podem usar a mesma estrutura, tradings e usinas de cana-de-açúcar.”
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