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Pintainhos são fornecidos aos avicultores pela indústria, o que reduz necessidade de recursos para custeio da atividade. No entanto, margens da conversão de ração em carne são consideradas apertadas | Giuliano Gomes/gazeta Do Povo
Pintainhos são fornecidos aos avicultores pela indústria, o que reduz necessidade de recursos para custeio da atividade. No entanto, margens da conversão de ração em carne são consideradas apertadas| Foto: Giuliano Gomes/gazeta Do Povo
  • Loacir Tormen: preocupação com margem para investimento
  • Indústria busca sustentabilidade com novos mercados

Se pelo lado da indústria o mercado avícola evolui com equilíbrio — com perspectiva de crescimento médio de 3% a 5% nos próximos anos –, do ponto de vista dos avicultores, que são a base da cadeia da carne de frango, ainda falta sustentabilidade econômica.

O atual modelo de remuneração pela matéria-prima (baseado no ganho de peso e qualidade das aves) é questionado pelos avicultores, que se organizam em entidades para obter poder de barganha. As empresas aceitam o diálogo, mas argumentam que não há margem para grandes alterações no sistema.

O embate é latente em regiões que concentram a produção, como o Sudoeste paranaense e o Oeste catarinense, conferiu a Expedição Avicultura 2014 em roteiro de 1,5 mil quilômetros cumprido na última semana.

Estudos técnicos confirmam desequilíbrio na cadeia produtiva. A Federação de Agricultura do Paraná (Faep) mostra que, mesmo utilizando tecnologia de ponta, a atividade pode ser deficitária. O resultado são produtores sem margem para investimentos.

O espaço de negociação entre avicultores e indústria vem sendo demarcado há pelo menos 20 anos. A Associação e Cooperativa dos Avicultores do Sudoeste do Paraná, fundada em 1990 em Dois Vizinhos (PR), hoje reúne 464 associados de 21 municípios. Pesquisa custos de produção e negocia compra de equipamentos para granjas. Para compartilhar informações que buscam o fortalecimento do produtor familiar, usa ainda um programa de rádio, conta o presidente da entidade, Amarildo Brustolin.

Entretanto, o principal impasse está na fórmula de remuneração pela produção. O sistema leva em conta o consumo de ração das aves e o ganho de peso (quanto menos alimento for utilizado para a engorda melhor) e avalia a qualidade dos animais, a partir da presença de calos nas patas ou penas encravadas. Há outros critérios não revelados pela indústria “por questões estratégias” que alimentam as discussões. “O sistema precisa ser mais aberto. No modelo atual, a renda do produtor é imprevisível”, pontua Brustolin.

A situação se repete em Santa Catarina. Lá o campo é representado pelo Sindicato Patronal dos Criadores de Aves, também fundado em 1990. Conforme o atual presidente, Valdemar Kovaleski, a dificuldade do avicultor em investir na granja é agravada pelo modelo de remuneração. “A renda ainda não atende à necessidade de investimento”, argumenta.

A indústria avícola argumenta que o atual modelo de remuneração dá estabilidade a toda a cadeia produtiva. Teria amortecido o impacto da crise de 2012, provocada por custos recordes, entre os avicultores.

“A empresa não quer prejudicar o produtor, pois ficaria sem matéria-prima. É preciso dosar os pagamentos para manter a operação”, aponta gerente de Fomento da Frangos Pioneiro, Rhoger Henrique dos Santos. Como a empresa também possui aviários, acompanha a realidade do produtor de perto, frisa.

Pela forte concorrência, a política de pagamentos assume papel estratégico, reforça o presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins. “É meritocracia pura. Não há como fidelizar o produtor sem remuneração competitiva. Nossa política é a do ganha-ganha.”

Os argumentos são aceitos no campo, mas não encerram a questão. “Há essa segurança, mas a renda sempre acaba ficando no limite, muito próxima do custo”, aponta Amarildo Brustolin, da Associação e Cooperativa dos Avicultores do Sudoeste do Paraná.

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