Preocupação com variedades adaptadas é o segredo para manter alta produtividade, segundo D. C. Patel, técnico da cooperativa Khan Udyog, que controla uma das maiores usinas indianas| Foto: Albari Rosa / Gazeta Do Povo

Se na soja a Índia está longe de ser competitiva com o Brasil, na produção de açúcares os países se equivalem, tanto no desempenho do campo como no volume de produção das usinas. Segundo produtor mundial, o país produz pouco mais de 25 milhões de toneladas de açúcar por ano. No Brasil, o maior produtor, são retiradas 38 milhões de toneladas.

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Os indianos também são donos de usinas em solo brasileiro, estratégia que eleva sua produção para próximo de 26 milhões de toneladas. Grande consumidora da commodity, a nação asiática está produzindo no Brasil para tentar equilibrar a oferta e demanda domésticas em seu país.

É no campo que está a maior semelhança. As lavouras de cana rendem em média 70 toneladas por hectare em solo hindu. No Brasil, 65 toneladas/ha. A produtividade é atestada pela cooperativa Khan Udyog, de Bardori (estado de Gujarat, Noroeste da Índia), que controla uma das maiores usinas do país.

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Plantio e colheita são manuais e as indústrias ainda não evoluíram em tecnologia. Mas a preocupação com a modernização no campo é uma constante. Para atender exclusivamente os 5,6 mil cooperados, a cooperativa mantém área de pesquisa para desenvolver variedades adaptadas e cuidar, em laboratórios, da qualidade do açúcar, explica D. C. Patel, um dos técnicos da usina, fundada em 1955.

Com o bagaço, eles produzem energia, assim como ocorre no Brasil, e placas de compensado. Apenas 10% da produção são exportados para alguns países árabes, da região da Rússia e da própria Ásia. Por conta da alta e crescente demanda interna, apesar de ser o segundo produtor global, a exportação do país é muito pequena.

Salvaguardas

A tarifa para entrada do açúcar brasileiro na Índia é de 100%, a mesma aplicada ao óleo de soja, produto que cresce em consumo no país e é de pleno interesse comercial do Brasil.

São salvaguardas que protegem o mercado doméstico, mas que limitam sobremaneira a relação entre os dois países.

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Para Robson Mafioletti, analista técnico e econômico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), que acompanhou a viagem da Expedição Safra, esse é o grande desafio do comércio bilateral com a Índia. “É preciso reduzir as tarifas dos produtos de interesse para que o Brasil possa acessar esse mercado e se tornar o grande parceiro no atendimento à crescente necessidade de abastecimento dos indianos.” Mafioletti lembra que este assunto está, inclusive, na pauta da consulta pública aberta pelos países do Mercosul, num esforço para ampliar o comércio do bloco com o país asiático.