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Dueck mostra planta com boa formação, da raiz às folhas

Uma das regiões menos povoadas da América do Sul passa por mudanças drásticas com a chegada da soja. O Chaco paraguaio tem clima seco capaz de empurrar a população para o sul e o leste do país, mas recebe chuva suficiente para experimentos com a oleaginosa. Os produtores pioneiros avaliam que o cultivo é viável, considerando marcas de 1,5 mil quilos por hectare – metade do volume alcançado em regiões agrícolas consolidadas do continente – e a cotação de mais de US$ 500 por tonelada sustentada na Bolsa de Chicago.

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Em 1,2 mil quilômetros de estradas pelo Chaco paraguaio, a Expedição Safra Gazeta do Povo apurou que a região entra num período de efervescência. O sintoma mais claro é o salto nos preços das terras, ainda relativamente baratas. Áreas que custavam entre US$ 100 e 200 por hectare são cotadas por mais de US$ 300, em zonas que registram mais de 500 milímetros de chuva ao ano – menos da metade do volume alcançado no leste do país, onde a soja se expandiu nos últimos quarenta anos e continua tomando espaço das pastagens.

Dueck mostra planta com boa formação, da raiz às folhas 
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As lavouras de soja ainda são raras na região, principalmente porque neste ano as chuvas chegaram dois meses mais tarde – a partir de fevereiro. Terras preparadas nem chegaram a ser plantadas. Foi o que ocorreu nos campos experimentais da cooperativa Fernheim, no distrito de Filadelfia (no departamento de Boquerón). “No ano passado plantamos 20 hectares em janeiro e colhemos em maio: 1.250 quilos por hectare. Agora, preparamos 100 hectares, mas só registramos 15 milímetros de chuva até janeiro. Então, não chegamos nem a plantar”, resume o agrônomo da empresa, Andre Klassen.

“Temos anos com boa chuva no verão e outros com praticamente nenhuma chuva. Há variedades de sementes que estão sendo adaptadas ao Chaco. A soja vai ser um opção”, disse o gerente geral da Fernheim, Helmut Goerzen. Hoje, a criação de gado de corte e de leite e a produção de amendoim sustentam a região.

A 25 quilômetros dali, na localidade Loma Plata, entre plantações de amendoim que neste ano devem render um terço a menos que o previsto por falta de chuva, lavouras de soja com potencial para mais de 2 mil quilos por hectare estão em florescimento. Os gêmeos Elmer e Erland Hiebert comemoram o vigor de 50 hectares plantados. “O futuro é a rotação da bovinocultura com a produção agrícola”, afirma Elmer.

A produção será vendida para a cooperativa Chortitzer, a maior da região, especializada na produção de carne de gado. A empresa vai processar os grãos para produção de óleo e farelo, novo ingrediente para a alimentação animal. Não houve vendas antecipadas, mas a expectativa é de receita próxima de US$ 380 por tonelada para os produtores, com margem de 20%.

Milho rende médias abaixo de 2 mil quilos de grãos em áreas não irrigadas. 
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O agrônomo da Chortitzer que presta assistência técnica aos sojeiros, Jenny Dueck, conta que as áreas experimentais somam perto de 500 hectares. A expectativa geral, relata, é repetir marcas de 1,5 mil quilos por hectare. “Com um custo que equivale a 1 mil quilos por hectare, esse resultado é rentável”, avalia.

Ainda são necessárias sementes mais resistentes à falta de chuva para que a soja possa se consolidar, avalia o presidente da Chortitzer, Gustavo Zawatzky. Faltam pesquisas para traçar o perfil do solo e do clima da região, aponta.

Maior área de teste sofre revés em ano de seca

Todas as áreas de soja plantadas no Chaco paraguaio juntas não ultrapassam os 4,5 mil hectares cultivados pela Cresca. Mas, se a viabilidade da cultura fosse medida pelos resultados desse ano, haveria um recuo nas apostas. Menos da metade das áreas de teste da empresa serão colhidas e, nessas áreas, a produtividade média é de 400 quilos por hectare, conta o agrônomo responsável pelos experimentos Eduardo Agüero.

A Cresca foi criada em 2008 por duas companhias argentinas (Cresud e Carlos Casado) para a exploração de uma área de 142 mil hectares. A soja é semeada em duas fazendas na região de Mariscal Estigarribia. Os testes chegariam a 7,5 mil hectares nesta temporada, mas foram reduzidos a 4,5 mil por falta de chuva. A empresa mantém o plano de plantar entre 7 mil e 10 mil hectares de soja nos próximos anos, relata Agüero.

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“Esta safra não deve ser levada em conta para se avaliar a viabilidade da soja no Chaco”, aponta o técnico. Segundo ele, as chuvas que normalmente caem entre dezembro e janeiro simplesmente não chegaram. Mesmo assim, o plantio foi feito na época programada. Se tivesse sido adiado, a situação atual das lavouras seria melhor, mas também não haveria garantia de água suficiente para o enchimento dos grãos.

Interesse

Secas e ralas, as lavouras da Cresca atraem grupos de mais de 20 produtores interessados em investir na região. Com 14 mil hectares plantados no leste do Paraguai, Juan Mackinnon viu a situação das plantações e considera que “variedades adaptadas devem justificar produção comercial nos próximos anos”.

As sementes que estão em teste são de outras regiões. Uma delas, desenvolvida pela Coodetec, no Paraná, foi escolhida na região de Loma Plata por ter galhos maiores. Como se alastra a partir de um número menor de plantas, exige menos água no solo, explica o agrônomo Jenny Dueck.

 

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