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Mesmo nas áreas de pivô o desempenho da safra é inferior ao do ano passado, diz o produtor de sementes Mauro César Stertz. | Fotos: Pedro Serápio/Gazeta do Povo
Mesmo nas áreas de pivô o desempenho da safra é inferior ao do ano passado, diz o produtor de sementes Mauro César Stertz.| Foto: Fotos: Pedro Serápio/Gazeta do Povo

Contrariando as expectativas positivas na largada do plantio, a safra dos três estados do Sul caminha para uma retração em 2015/16. Se no início do ciclo as chuvas prometidas pelo fenômeno El Niño pareciam favoráveis às produtividades em campo, o cenário agora é de preocupação. Estimando perdas de até 20% ante o potencial inicial da soja, produtores gaúchos descartam superar o resultado desempenho no ano passado em virtude do excesso de água. Embora não seja uma quebra climática, o quadro se repete no Paraná e Santa Catarina, e tende a pressionar para baixo a estimativa de produção da região, conferiu a Expedição Safra Gazeta do Povo após completar um roteiro de 2,5 mil quilômetros pelos três estados.

MATOPIBA

A Expedição Safra entra na reta final dos trabalhos de campo em jornada pela fronteira agrícola do Matopiba, formada por Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Técnicos e jornalistas iniciaram nesta semana o roteiro, que prevê além do levantamento de informações, a realização de mais uma etapa do Seminário Expedição Safra 10 anos, programado para ocorrer na manhã do dia 10 de março no distrito de Nova Santa Rosa, em Uruçuí (Piauí).

Em ano sem lagartas, percevejos viram vilões da lavoura

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O desequilíbrio entre sol e chuva explica a queda. Na região de Erechim, no Noroeste do Rio Grande do Sul, o agricultor Roberto Baseggio lembra que os meses de novembro e dezembro tiveram chuvas acima da média, o que reduziu a exposição das plantas de soja ao sol. “Mas em janeiro faltou água e sobrou calor. Foram 20 dias de veranico, prejudicando tanto as lavouras que estavam em floração quanto aquelas que estavam em enchimento de grão”, conta. Ele espera uma média entre 62 e 63 sacas por hectare, ante 72 sacas obtidas em 2014/15 nos 1,7 mil hectares dedicados a oleaginosa.

“Visualmente as lavouras aparentam ter o mesmo potencial do ano passado. Mas os efeitos do clima e a maior incidência da ferrugem devem reduzir as produtividades. Isso só será amenizado pois houve ampliação da área plantada”, contextualiza o gerente geral da BSBios em Passo Fundo (Noroeste do RS), Anderson Strada, que coordena a originação de 1 milhão de toneladas de soja por ano para a produção de biodiesel.

Mesmo em campos irrigados por pivô, nos quais a produtividade costuma ser maior, também há retração ante a última safra. Em Boa Vista do Incra (Noroeste do RS) o produtor de sementes Mauro César Stertz calcula uma queda de 5 sacas por hectare na produtividade em comparação com a temporada passada. Nos 2,8 mil hectares dedicados a oleaginosa o rendimento deve ser de 75 sacas por hectare nos campos irrigados e de 65 sacas/ha no sequeiro. “Para a produção de sementes plantamos as variedades que mais vendem, e não as mais produtivas. A queda preocupa, pois hoje um rendimento inferior a 42 sacas por hectare já nos causa prejuízo”, pontua.

Uso de cultivares piratas pressiona campos de semente

Mais do que problemas de produtividade, a soja perde espaço em Santa Catarina devido a concorrência desleal no mercado de sementes, que é o forte do estado. Na região de Abelardo Luz, no Oeste, a cooperativa C.Vale estima uma queda entre 10% e 15% no rendimento da soja, para 60 sacas por hectare. Entretanto, o maior tombo foi em termos de área, que despencou 3 mil hectares em relação à safra passada, totalizando 5 mil hectares em produção. “Sentimos a pressão dos grãos piratas. A área de soja safrinha cresceu muito no Paraná e com isso aumentou o número de produtores que salvam sementes”, diagnostica o gerente da unidade da cooperativa no município, Júlio Cesar Pias Silva.

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