Chuvas espaçadas, com dias de sol em seguida, deixam o tom das lavouras em um verde escuro que enche de entusiasmo os agricultores.| Foto: Pedro Serapio/Gazeta do Povo

Os gaúchos das áreas rurais do estado nitidamente divergem na preferência do time de futebol e nas posições políticas das discussões nas pracinhas das cidades pequenas, mas são unânimes em uma coisa: todo mundo que planta soja ou milho foi pego de surpresa neste ciclo. Os produtores que já se preparavam para um ano de perdas com a possível seca prevista por meteorologistas do mundo todo, viram até o momento um clima ideal para o desenvolvimento dos grãos. Chuvas espaçadas, com dias de sol em seguida, deixam o tom das lavouras em um verde escuro que enche de entusiasmo os agricultores.

CARREGANDO :)

Em Palmeira das Missões (a 130 km de Passo Fundo), no Noroeste gaúcho, Célio José Gabriel, gerente da unidade da cooperativa Cotrisal, contou que a expectativa é de um aumento de 20% a 25% na produtividade média nos 100 mil hectares nos quais a organização atua. “No início, ninguém pensava nisso. Todo mundo estava correndo atrás de seguro para garantir ao menos que não houvesse prejuízo nesse ciclo”, revelou. Ele estima que a produtividade média de soja deva fechar em torno de 65 sacas (sc) por hectare (ha) e a de milho sem irrigação 170 sc/ha (com irrigação, o milho deve render em média 250 sc/ha).

Cerca de 100 km mais ao Sul, após um caminho rodeado por campos de soja em excelente desenvolvimento, está Cruz Alta. Lá, o produtor Adriano Vincenze cultiva 300 hectares de soja. Ele seguiu mais ou menos o mesmo roteiro da maioria dos produtores da região. No início do ciclo, viu as previsões pessimistas, tirou o pé do acelerador, fez o mínimo necessário nas lavouras e manteve o pé no chão. Mas o clima, até agora perfeito, deve o fazer colher 11% em 2016/17 comparado à safra anterior. “Pela experiência de outros anos, do jeito que está se desenvolvendo é soja para colher 70 sacas por hectare”, calcula.

Publicidade

O gerente da cooperativa C.Vale em Cruz Alta, Luciano Trombetta, explica que a colheita vai começar por volta do dia 15 de março na região e seguir até a segunda quinzena de abril. Para ele, a expectativa média local deve fechar em torno de 60 sc/ha para a soja e em torno de 220 sc/ha no milho. “Com a condição de clima no momento o potencial é esse. Resta saber se a situação vai continuar favorável e a certeza nós vamos ter somente com as primeiras colheitas realizadas”, pondera.

Tecnologia

Adão Fernando Coutinho Cartes, presidente do Sindicato Rural de Cruz Alta, estima que o município cultive 92 mil hectares de soja e apenas 8 mil hectares de milho (3 mil irrigados). O dirigente comenta que na região é possível dizer que 80% das variedades cultivadas nesse ciclo têm a última tecnologia em relação à resistência contra a lagarta. Nas incursões da Expedição Safra pelo Brasil é possível perceber que cerca de 30% da soja brasileira foi plantada com essa melhoria.

Veja também
  • Paraná engatilha a maior safra de soja da história
  • Atraso no ciclo de verão coloca em risco safrinha no Sudoeste do Paraná
  • Sem boicote de montadoras, faturamento do Show Rural vai passar de R$ 1,5 bilhão

Por isso, segundo Cartes, os problemas com a praga nesse ano estão bem menores. “O produtor de Cruz Alta está sempre à frente em termos de tecnologia, de informações, participa muito de eventos. E o caminho é este, a agricultura precisa encontrar meios para crescer na vertical”, salienta.