| Foto: Felipe Rosa/TRIBUNA DO PARANA

O Ministério da Agricultura e Abastecimento (MAPA) divulgou nota oficial afirmando que os traços de glifosato encontrados pelas autoridades russas em carregamento de soja proveniente do Brasil “são mais de cem vezes inferiores aos limites acordados no Codex Alimentarius e não constituem, portanto, risco à saúde”. O Codex Alimentarius é um guia internacional com padrões de segurança de alimentos elaborado por uma comissão conjunta da ONU e da Organização Mundial de Saúde.

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O posicionamento do governo brasileiro veio depois de o Rosselkhoznadzor (Ministério da Agricultura da Rússia) ter solicitado medidas urgentes à Secretaria de Defesa Agropecuária “para cumprimento dos regulamentos técnicos da União Aduaneira no capítulo ‘Sobre a segurança dos grãos’ no que diz respeito ao teor de pesticidas em produtos fornecidos à Rússia”.

O alerta emitido pelos russos na semana passada fala sobre possíveis restrições temporárias às importações de soja do Brasil caso o país não adote medidas corretivas no menor tempo possível. O Rosselkhoznadzor justificou o aviso por causa do “alto grau de toxidade do glifosato para humanos e animais, evidenciado por uma série de estudos científicos”.

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Parte por milhão

Na nota desta segunda (4), o Ministério da Agricultura informou que o limite máximo de resíduos de glifosato, no Brasil, é de 10 ppm (partes por milhão), valor mais rigoroso do que o definido pelo Codex Alimentarium – de 20 ppm -, mas superior ao estabelecido pelas autoridades russa, que é de 0,15 ppm. A nota não fala como as autoridades se posicionaram diante do convite russo para realizar negociações por videoconferência sobre o tema. Segundo dados oficiais, a Rússia foi destino de apenas 1,09 milhão de toneladas de soja das 83,8 milhões exportadas pelo Brasil em 2018, a maior parte para a China.

>> Bye bye Rússia: suinocultura brasileira busca recuperação em outros mercados

Em outro episódio recente envolvendo questões sanitárias, a Rússia vetou praticamente durante todo o ano passado os embarques de carne suína do Brasil, devido à contaminação pelo promotor de crescimento ractopamina, utilizado na formulação de rações. Até então, com 40% de participação, a Rússia era o principal destino internacional. O bloqueio causou excesso de oferta no mercado interno e derrubou os preços, fazendo os suinocultores trabalharem no vermelho. Na análise da Associação Brasileira de Proteína Animal, a demanda chinesa amenizou os efeitos do embargo da Rússia. Mesmo após a reabertura do mercado, a expectativa é de que o volume destinado à Rússia não volte aos níveis anteriores. Tanto porque o Brasil encontrou novos mercados como pelo fato de que, há anos, a Rússia vem buscando a autossuficiência na produção de proteína animal.