| Foto: Daniel Caron/Gazeta do Povo

Torresmo, linguiça, costelinha, bisteca. A carne suína tem lugar de destaque na tradicional culinária mineira. Não por acaso, Minas Gerais lidera o ranking nacional de consumo com 21 quilos per capita por habitante/ano, seis a mais do que a média brasileira. Todo esse apetite garante um mercado aquecido e a maior cotação do país: R$ 4,30 no quilo do suíno vivo. Em Santa Catarina, estado que lidera o ranking de produção, o mesmo volume custa R$ 3,50.

CARREGANDO :)

O modelo mineiro é diferente de outros estados, principalmente da região Sul, onde cooperativas e integradoras aplicam a verticalização na produção, em que cada suinocultor é responsável por uma fase da criação do animal. Em Minas Gerais, 80% das 1.350 granjas estão nas mãos de produtores independentes, que adotam o ciclo completo, onde todas as fases da criação são feitas dentro da mesma propriedade.

Essa característica obrigou os produtores a adotarem soluções ao longo dos anos para manterem a atividade viva e lucrativa. Uma delas foi a bolsa de suínos. Criada há 36 anos pela Associação dos Suinocultores do Estado de Minas Gerais (Asemg), o instrumento determina o preço do quilo do suíno vivo. As reuniões são realizadas todas as segundas-feiras, na sede da entidade, em Belo Horizonte. O preço semanal do quilo é determinado numa negociação entre representantes dos produtores e frigoríficos.

Publicidade

Há um mês, um grupo de produtores criou a Bolsa de Suínos do Interior de Minas (BSim). Encabeçada pela Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga (Assuvap), em Ponte Nova, na Zona da Mata, a nova bolsa pretende formar os preços levando em consideração das características da região. “Não foi um rompimento com Belo Horizonte. Mas o mercado no interior sempre funcionou de maneira um pouco diferente. Na capital, os frigoríficos têm muita força. Aqui nós temos não apenas os frigoríficos, mas o mercado de porta também. São particularidades nossas”, explica a gestora executiva da Assuvap, Paula Gomides.

Segundo Paula, na BSim, que já teve quatros reuniões, realizadas às quintas-feiras, os frigoríficos não participam. “Se a coleta de dados e informações é bem feita, não há necessidade das empresas participarem. Quando o preço é bem formado, não há dificuldade para executar”, afirma.

Alvimar Jalles, profissional responsável pelo desenvolvimento do projeto, diz que o mercado independente de Minas Gerais ainda tem muita força e a BSim é uma ferramenta criada para aproveitá-la. “Isso tinha que nascer enquanto somos fortes. Caso contrário, os frigoríficos passam a ditar o preço”. Apesar das reuniões serem em Ponta Nova, conta Jalles, há produtores do Sul e do Centro-Oeste de Minas Gerais participando. “Queremos ser uma referência para o interior”.

O presidente da Assuvap, Fernando da Silva Araújo, diz que a proposta é um desafio. “É uma proposta nova ainda, recém-nascida. Vamos ver com o tempo. Mas é gratificante ter os preços discutidos praticados desde a primeira reunião”.

Veja também
  • Era pós-petróleo: o que muda para o Brasil
  • Parasitas e Coreia do Norte desestabilizam o mercado de salmão
  • Venda da Vigor é decisiva para JBS zerar as contas
Publicidade
O presidente da Associação dos Suinocultores do Vale do Piranga ,Assuvap, Fernando da Silva Araújo, e a gestora executiva da Assuvap, Paula Gomides
Suinocultura em Minas Gerais
Suinocultura em Minas Gerais
Paula Gomides, gestora executiva da Assuvap
ernando da Silva Araújo, presidente da Assuvap
Suinocultura em Minas Gerais
Gestores da Assuvap em frente à Cooperativa de Ponte Nova e Região