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| Foto: Albari Rosa/Gazeta do Povo

Maior produtora e consumidora de carne suína do mundo, a China vive um caos sanitário. Desde agosto, mais de 40 mil animais foram sacrificados por causa da peste suína africana. A doença, embora não seja contagiosa para os seres humanos, representa um risco mortal para os animais. A situação no gigante asiático, inclusive, provocou uma reação da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que teme o contágio em países vizinhos.

Mas não é preciso estar do lado de lá do oceano para se preocupar. O Brasil sofreu um surto em 1978. Embora o risco seja remoto, outras doenças, vírus e bactérias, como a Salmonella, também ligam o sinal de alerta para o setor. Por isso é importante não baixar a guarda.

Em Santa Helena, no Oeste do Paraná, a recém-inaugurada Unidade de Produção de Leitões Desmamados (UPD) da cooperativa Lar, de Medianeira, foi projetada e executada para evitar, ao máximo, o risco de contaminação.

De acordo com o gerente de Suinocultura da Lar, Evandro Beraldin, quando a UPD estiver operando na capacidade máxima, com 10 mil matrizes (atualmente está com 3.140), serão enviados, semanalmente, 6 mil animais desmamados, com 6,5 kg (cerca de 23 dias), para um dos 8 crechários selecionados pela cooperativa. Quando atingirem 23 kg, os suínos irão para 100 granjas de terminação, também selecionadas pela Lar. “Não teremos mistura de origem em nenhuma etapa da produção do suíno. O que diminui o risco de contaminação. Será com um círculo, quando o primeiro crechário estiver vendendo os animais, na sexta semana, ele vai estar higienizando a granja na sétima, e terminando o vazio sanitário na oitava, e poderá receber outro lote na nona, recomeçando o ciclo com segurança”.

O gerente de Produção da UPD, Vanderlei Zappani, conta que todos os crechários e granjas de terminação foram reformados para garantir a biosseguridade e o bem-estar animal. “Nós tivemos muita procura por parte dos cooperados. Mas nossa preocupação foi com a logística, procuramos granjas mais próximas, em um raio de 15 quilômetros. Os cooperados investiram em reformas nos barracões, em pisos vazados, aquecimento, cortinas automáticas”.

A nova UPD da Lar foi criada para atender a demanda do novo frigorífico da Frimesa, que está em construção em Assis Chateaubriand. A nova estrutura, quando finalizada, terá capacidade de abater até 15 mil animais por dia. A Frimesa é formada por cinco cooperativas e a Lar responde por 24,43% da produção anual de suínos abatidos pela marca. “É um projeto ambicioso. De R$ 65 milhões, atualmente estamos com 40% da estrutura em funcionamento”, revela Beraldin. Em 2018, a Lar vai entregar 520 mil suínos para a Frimesa e, no ano que vem, 630 mil. A Lar tem 200 cooperados que trabalham com suinocultura. Atualmente, a cooperativa tem 22 mil matrizes.

Sustentabilidade e bem-estar

A Unidade de Produção de Leitões Desmamados está localizada numa área de 43 hectares. Como é a mais nova do Brasil, a estrutura está equipada com o que há de mais moderno nas áreas de sustentabilidade e bem-estar animal.

Uma das preocupações foi a autossuficiência. Toda água da chuva é reaproveitada através das calhas de inox instaladas nos galpões. A água é levada por estruturas até uma pequena unidade de tratamento e depois armazenada. Com capacidade de guardar até 2 milhões de litros, a chuva contribui com a limpeza da UPD. Essa água não é consumida pelos animais.

Na energia, a aposta são os biodigestores, que funcionam com os dejetos dos suínos. A eletricidade gerada é jogada na rede e abatida na conta de luz. “Atualmente, pagamos cerca de R$ 55 mil. Com a obra completa, facilmente será perto de R$ 110 mil. Com os biodigestores em funcionamento, não vamos pagar nada”, conta o gerente de Produção da UPD, Vanderlei Zappani.

Um projeto inovador também vai ser colocado em funcionamento. Um equipamento para a compostagem de animais mortos, o primeiro do país, também vai ajudar na geração de energia. “O animal morto é depositado em um cilindro, onde é triturado e descontaminado ao ser aquecido a uma temperatura de 70 °C por meia hora. Depois deste processo, os restos são jogados no biodigestor”, conta Evandro Beraldin. O projeto é acompanhado por pesquisadores da Embrapa.

Já o bem-estar é garantido através da estrutura dos galpões, que são mais largos, e da climatização, que é feita através de ventilação por pressão negativa. Mas ao invés de usados na horizontal, são na vertical. “Isso melhora a circulação de ar e controle de temperatura”, explica Beraldin. As baias, embora individuais, são mais largas. A opção por gaiola foi com base na produtividade, que atualmente está em torno de 32,92 leitões desmamados por porca/ano, a média nacional é 27,68. “O princípio de bem-estar, que é qualidade e conforto para o animal, está sendo totalmente atendido”, garante.

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