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Expectativa era de que soja cedesse espaço para o milho nos portos brasileiros na reta final do ano. | Henry Milleo / Gazeta do Povo
Expectativa era de que soja cedesse espaço para o milho nos portos brasileiros na reta final do ano.| Foto: Henry Milleo / Gazeta do Povo

O Brasil registrou em setembro o maior volume exportado de soja para o mês na história, com as vendas da oleaginosa mantendo-se maiores que as de milho, despertando dúvidas sobre a capacidade de o país atingir um recorde projetado para o cereal neste ano. Os embarques da oleaginosa somaram 3,71 milhões de toneladas em setembro, acima das 3,46 milhões de toneladas de milho no mesmo período, mostraram nesta quinta-feira (01) dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex).

Em setembro de 2014, as exportações do cereal -- que dominam os espaços nos portos nos últimos meses do ano-- já haviam superado as da oleaginosa. As exportações de soja apresentaram alta de 39% ante o mesmo mês de 2014, enquanto as de milho subiram 29%, na mesma comparação.

Contando com uma demanda firme da China, o Brasil já exportou um volume recorde de soja em 2015, somando 49,56 milhões de toneladas até setembro, superando todo o ano de 2014, quando foram enviados ao exterior 45,69 milhões de toneladas, segundo a Secex.

Efeito metodológico

Com um câmbio favorável, muitos agentes do mercado e analistas apostam em uma exportação recorde também de milho neste ano, dando escoamento para um grande volume do cereal que não encontra mercado suficiente dentro do país. Os dados da Secex, contudo, despertam questionamentos.

A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estima exportações de milho de 26,4 milhões de toneladas na temporada entre fevereiro de 2015 e janeiro de 2016. Com o acumulado de embarques de milho desde fevereiro em 9,13 milhões de toneladas, seria necessário embarcar 4,3 milhões de toneladas mensais de outubro a janeiro para atingir a projeção do governo, um índice mensal nunca registrado. O recorde até agora foram 3,95 milhões em outubro de 2013.

A explicação pode estar na metodologia do governo, que não estaria revelando completamente a força dos embarques de milho do Brasil. “Apesar de os dados da Secex ainda não estarem trazendo exportações de milho em níveis mais altos, em meio ao contexto favorável, o acompanhamento mensal feito pela Associação Nacional dos Exportadores de Cereal (Anec) traz um volume de embarques mais elevado”, observou a analista da INTL FCStone Ana Luiza Lodi, no relatório recente.

Em agosto, por exemplo, a Anec registrou exportações de milho de 4,49 milhões de toneladas, contra 2,28 milhões da Secex, devido a uma diferença de metodologia. “Os dados da Anec consideram o que foi efetivamente embarcado no período, enquanto a Secex precisa fechar toda a documentação para o dado poder ser lançado no sistema”, lembrou consultoria.

Capacidade

Apesar do bom ritmo de embarques de soja nos últimos meses, os números da Secex mostram que não deve haver falta de capacidade portuária para embarcar grandes volumes. No mês passado, os portos brasileiros embarcaram 8,26 milhões de toneladas de soja, farelo de soja e milho somados, um volume bem mais folgado que o recorde histórico registrado em junho, de 11,6 milhões de toneladas dos três produtos combinados.

Terminais do norte do litoral brasileiro, como o recém-inaugurado Tegram, no porto de Itaqui, em São Luís (MA), e os terminais de Barcarena, na região de Belém (PA), elevaram a capacidade de escoamento do país em 2015.

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