| Foto: Marcos Tosi/Gazeta do Povo

O tuíte do presidente Donald Trump dizendo “love you” para os agricultores não esconde uma situação tensa: cortes no orçamento nas áreas de apoio ao seguro agrícola e aos pequenos produtores.

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O orçamento do governo americano para 2020, divulgado na última segunda-feira, prevê uma diminuição de 15% nos recursos do Departamento de Agricultura (USDA), classificando alguns subsídios como “excessivamente generosos”.

Na peça do orçamento de US$ 4,7 trilhões, o presidente pretende fazer cortes significativos de gastos em verbas domésticas discricionárias, ao mesmo tempo em que propõe mais recursos no setor de defesa e US$ 8,6 bilhões para construir um muro na fronteira com o México.

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O projeto reduz os recursos do USDA para US$ 20,8 bilhões (US$ 3,6 bilhões a menos). O governo quer ter uma participação menor no prêmio de contratação do seguro agrícola (de 62% para 48%) e propõe limitar subsídios para agricultores que faturam menos de US$ 500 mil por ano.

Em dezembro, o presidente tuitou “Agricultores, eu amo vocês!”. No início desta semana, a União Nacional dos Produtores (NFU) criticou a Casa Branca por causa do orçamento proposto, dizendo que “é hora de a retórica e as políticas públicas do presidente reconhecerem o momento doloroso por que passa o setor rural”.

Sem chances

A proposta do orçamento, que projeta déficits consecutivos pela próxima década, aumentando a dívida pública, representa a ordem de prioridades preferida pelo presidente Trump, que certamente será ignorada pelo Congresso. “O orçamento de Trump não tem chance de ganhar o necessário apoio de democratas e republicanos para se tornar lei”, diz Nita Lowey, um dos principais nomes democratas no Comitê do Orçamento.

Os produtores formam uma base sólida entre os eleitores do interior dos Estados Unidos que garantiram a Presidência a Donald Trump. Esse eleitorado se viu no meio do fogo cruzado com a China depois que Pequim impôs tarifas retaliatórias em produtos agrícolas americanos, incluindo a soja.

O governo de Trump respondeu com um plano de ajuda de US$ 12 bilhões, mas, antes mesmo de começar o imbróglio entre as duas maiores economias do planeta, os produtores americanos já enfrentavam preços baixos e um declínio na renda pelo excesso de produção.

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Na proposta de orçamento, lê-se que o USDA deve usar “os recursos públicos de forma responsável e eficiente, reformando programas duplicados e aqueles que contêm subsídios excessivamente generosos”.

Quando participou do congresso do American Farm Bureau em Nova Orleans, em janeiro, Trump disse que “estava orgulhoso de ser um grande amigo dos agricultores e pecuaristas” e das pessoas ligadas ao agronegócio.

“Estamos muito desapontados com a posição do presidente, porque muitos dos cortes no orçamento para a agricultura já tinha sido rejeitados nos comitês da Câmara dos Deputados e do Senado”, diz Gene Paul, coordenador de relações com o legislativo da União Nacional dos Produtores.

“O seguro agrícola é hoje mais importante do que nunca, diante da queda na renda agrícola e por causa das tarifas criadas pelo próprio presidente”, disse Paul. “Mas ele simplesmente não vê isso”.