Das 215 milhões de toneladas de grãos previstas para a safra 2015/16, o país deve exportar quase 90 milhões de toneladas, entre soja e milho. A considerar o crescimento e o potencial dos embarques de farelo de soja, serão mais de 100 milhões de toneladas embarcadas a partir de apenas dois produtos do agronegócio brasileiro. É a primeira vez que o país deve romper essa barreira, com 57 milhões de toneladas de soja, 33 milhões de toneladas de milho e mais de 15 milhões de farelo. Adicionados a essa conta outros produtos com volume menos expressivo, mais da metade da produção agrícola nacional deve ter como destino o mercado internacional em 2016.
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Os números, que serão apresentados nesta segunda-feira (15) pela Expedição Safra, projeto do Agronegócio Gazeta do Povo, reforçam a tendência de crescimento do agronegócio no Brasil alavancado pelas exportações. Nos últimos seis anos, por exemplo, período em que o volume produzido cresceu 53 milhões de toneladas – 162 para 215 milhões –, juntos os embarques de soja, milho e farelo saltam de 57 para 105 milhões de toneladas. Variação de 33% no campo e 84% no comércio internacional. Em suma, uma nação com vocação natural ao agronegócio e, por consequência, à exportação. Movimento liderado por um segmento que muito mais do que divisas gera emprego, renda e desenvolvimento.
Outro aspecto que merece análise nesse contexto está nas condições tecnológicas e logísticas que permitem essa evolução, no campo e no mercado. Um olhar que deixa claro o incremento e a incorporação de tecnologia agronômica e de mecanização, com resultado direto em produtividade. Uma realidade que fica evidente na distante relação entre área e produção, variação que na última década foi de 22% e 75%, respectivamente. O rendimento cresceu mais de três vezes o porcentual de avanço na ocupação de área.
Em um período mais largo, fica ainda mais nítido o ganho econômico e em sustentabilidade protagonizado pelo setor. Das 50 milhões de toneladas da safra total em 1980, o Brasil levou 21 anos para multiplicar a produção e superar as 100 milhões de toneladas, em 2003. E depois, apenas 14 anos para dobrar o volume de 100 milhões para mais de 200 milhões de toneladas, patamar atual da produção nacional, marca superada nas últimas duas temporadas.
Escoamento
Mas não basta produzir. É preciso escoar. Destinada ao mercado doméstico ou internacional, é preciso prover condições para que essa produção chegue ao seu destino. Sem estradas, ferrovias, hidrovias e portos seria impossível crescer no campo e muito menos no mercado. Não que a infraestrutura atual seja a ideal.
Mas está bem melhor, muito melhor do que há duas décadas, período que contempla esta análise. É sabido que as condições estão muito aquém do ideal e do potencial espelhado pelo agronegócio e pela economia nacional. Como também é fato que estamos muito melhor que há 10 anos e melhor ainda que duas décadas atrás.
Bem ou mal, o país está mais competitivo. Sem entrar no mérito da discussão sobre as concessões de rodovias, hoje o Brasil tem estradas com melhores condições de tráfego, hidrovias viabilizadas e exploradas a favor da produção, e novas portas de saída para dar vazão às exportações.
O setor ferroviário é que mais patina. A ferrovia Norte/Sul está aí, mais a serviço do interesse econômico multinacional do que da soberania e economia nacional. O que não deixa de ser um avanço, mas que precisa ser ajustado.
Fundamental à solução multimodal em um território de extensões continentais, talvez seja a hora de organizar e disciplinar o transporte ferroviário, investir e colocar, literalmente o Brasil nos trilhos. Se conseguirmos equacionar uma das principais despesas do chamado custo Brasil, aí sim teremos um país não apenas com vocação à produção e exportação.
Mas um país, de fato, competitivo.
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