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 | Andrey Klagenberg / Especial Para Gazeta Do Povo
| Foto: Andrey Klagenberg / Especial Para Gazeta Do Povo
Os avicultores Mauro e Cristina Lima dizem que o frango dá prejuízo depois dos 40 dias, porque engorda mais lentamente

O bom momento do boi, com preços recordes e expectativa de consumo reforçado em ano de Copa do Mundo, faz sombra para o frango. Apesar de as exportações estarem crescendo em volume (3,4% de abr/13 para abr/14), arrecada-se 15% menos por tonelada embarcada, numa diferença de US$ 2,2 mil para US$ 1,85 mil/t. Com custos elevados pela cotação da soja (20% mais cara do que em maio de 2013), a indústria da carne branca cogita reduzir a produção para se ajustar à demanda interna e externa.

O encurtamento do ciclo de criação em um dia – hoje a duração média é de 45 dias – resultaria em frangos 100 gramas mais leves e forçaria um reequilíbrio entre oferta e demanda, aponta o Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar). “Os valores da ração e o baixo preço do frango impactam diretamente na margem de lucro. As indústrias não estão ganhando dinheiro”, justifica o presidente do Sindiavipar, Domingos Martins.

Em vez de elevar o abate todo mês, o setor busca um “ponto de equilíbrio”, afirma. “Isso passa pela redução da idade do frango. A partir de 45 dias a ave dá prejuízo.” Depois desse prazo, a conversão da ração em carne se dá em proporção menor.

Com um dia a menos de vida, cada frango deixaria de consumir 200 gramas de ração. Caso a prática tivesse sido implantada nos três primeiros meses deste ano, a oferta teria caído 38,2 mil toneladas no estado – volume que equivale a 14% do total exportado no trimestre. A tendência seria a elevação no preço da carne, hoje em R$ 3,5 por quilo. Na outra ponta, a indústria paranaense economizaria R$ 114 milhões ao deixar de comprar 76 mil toneladas de ração.

Os avicultores seriam beneficiados. Após os 40 dias, a conversão de ração em carne não dá lucro, aponta o produtor Mauro Dias Lima, que aloja 170 mil cabeças a cada 60 dias em seis aviários de Paranavaí, Noroeste do estado. Ele está há 15 anos na atividade.

“Depois [40 dias] o animal demora a engordar e a mortalidade é maior. Já cheguei a tirar animal com 53 dias, mas foi um pepino. Entre 38 e 40 dias seria o ideal.” A data estimada do abate é definida em contrato com a indústria.

Outra vantagem é a finalização de mais lotes ao longo do tempo. “Isso aumenta a renda, o que seria bom, ainda mais agora que os custos subiram”, diz o produtor, que gasta 70% dos R$ 0,70 que recebe por cabeça com forração, lenha, energia elétrica, manutenção dos aviários, entre outros itens.

O abate do frango ocorre a cada 45 dias, mas esse prazo pode ser abreviado.

• Carne magra

Com 45 dias, um frango de granja pesa 2,8 quilos. Abatido aos 44 dias, seria 100 gramas mais leve e teria consumido 200 gramas de ração a menos.

• Menos ração

Cada ave consome aproximadamente 5 quilos de ração até o 45.º dia de vida. No final do ciclo, come mais e engorda menos. Os produtores podem economizar R$ 0,30 por animal ao antecipar o abate em um dia e evitar o consumo de 200 gramas de ração. Num aviário com 100 mil aves, essa economia chegaria a R$ 30 mil.

• Melhor preço

Se todos os avicultores e indústrias aderirem ao encurtamento do ciclo, a oferta de carne de frango cai 3,5% no curto prazo. Com isso, o preço do alimento sofreria aumento.

• Galetinho

O clico de engorda do frango “griller” – galetinho – é considerado ideal pelo setor produtivo. O animal é abatido com 30 dias com aproximadamente 1,5 quilo e consume 2,6 quilos de ração. O problema é que poucos países têm interesse por essa espécie de frango.

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