Uma das empresas que estaria em fase de negociação para venda é a Vigor, que fabrica laticínios e é dona ainda das marcas Itambém e Danúbio.| Foto: Reprodução/internet

O grupo que controla a JBS já começou a negociar a venda de ativos, movimento iniciado alguns meses antes do vazamento da delação premiada de Joesley Batista e que deve se intensificar nas próximas semanas. Segundo a agência Reuters, a JBS e a família Batista contrataram o Bradesco BBI para elaborar um plano de venda de vários ativos. De acordo com fontes, uma das empresas à venda é a Vigor, fabricante de laticínios dona das marcas Itambé e Danúbio.

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A Eldorado Celulose estaria no início do processo de busca de compradores. Uma das potenciais interessadas é a Fibria, sendo fontes do setor. A rival tem folga de caixa e uma unidade em Três Lagoas, mesma cidade que abriga a fábrica da Eldorado. Especula-se que a Alpargatas, dona das Havaianas e da Osklen, poderia ir para a prateleira.

A venda de empresas deve ajudar o grupo J&F - que tem faturamento anual em torno de R$ 192 bilhões - a fazer frente às pendências financeiras que terá de resolver adiante. Além de arcar com multas e penalidades em razão do envolvimento de seus executivos em esquemas de corrupção, a principal empresa do grupo, a JBS, tem endividamento elevado e enfrentará dificuldades para administrá-lo.

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O que diz a J&F

Procurada, a J&F não comentou a possibilidade de venda de empresas. Em nota, limitou-se a dizer que “não é verdadeiro o relato de que contratou o Bradesco BBI ou qualquer outro banco para a venda de ativos”.

“Estão todos querendo saber a dimensão que isso terá (multas, acordo de leniência). Então (os interessados) ainda estão em compasso de espera - diz uma fonte de um banco de investimentos.

Acordo de leniência

A holding da família Batista voltou a negociar com o Ministério Público Federal (MPF) o acordo de leniência. Na primeira tentativa, o MPF cobrava R$ 11 bilhões, mas a empresa se propôs a pagar cerca de R$ 1 bilhão. A J&F ou suas controladas ainda devem enfrentar outros processos e penalidades - só na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) há sete processos contra a JBS.

Como estão as ações

Depois de caírem mais de 30% na segunda-feira, as ações da JBS conseguiram recuperar parte das perdas nesta terça-feira. Os papéis subiram 9,53%, a R$ 6,55, a maior alta entre as ações que integram o Ibovespa.

A alta ocorreu mesmo depois de mais uma agência de risco rebaixar a nota da companhia: depois da Moody’s na segunda-feira, hoje a Fitch reduziu a nota e colocou a empresa em avaliação negativa. “A magnitude do acordo, que inclui a admissão de pagamento de subornos a vários políticos, deve prejudicar a diversidade de fontes de financiamento da JBS e deverá resultar no cancelamento ou atraso da oferta pública inicial de sua unidade internacional”, afirmou a Fitch, em nota. A Eldorado também teve seu rating rebaixado. Desde a deflagração da operação “Carne Fraca”, em 17 de março, contudo, as ações da JBS ainda acumulam queda de 45,4%.

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Segundo operadores, a recomendação de compra por analistas do Citibank ajudou na alta de hoje das ações. Para o Citi, no curto prazo a empresa apresenta baixo risco operacional. Como as ações estão baratas, alguns investidores aproveitaram para fazer operações de curtíssimo prazo.

Endividamento elevado

No caso específico da JBS, a empresa terá de lidar com seu endividamento elevado. Em março, sua dívida líquida equivalia a 4,2 vezes o Ebitda (a geração de caixa operacional). A empresa utilizaria parte dos recursos com a oferta de ações nos Estados Unidos para abater dívidas.

Além da JBS, outras ações passaram por um pregão de recuperação. O Ibovespa, principal indicador de ações da B3 (ex-BM&FBovespa e Cetip), fechou com valorização de 1,6%, aos 62.662 pontos. No câmbio, o dólar comercial recuou 0,30% ante o real, a R$ 3,268.

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“A gente está em um ambiente de falta de expectativa no mercado, então vai ser normal pregões de recuperação seguidos de alta no dia seguinte. O humor de hoje está atrelado à tentativa de retomada da agenda econômica”, disse Raphael Figuerdo, analista da Clear Corretora.

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