Vacinação que protege o gado contra a febre aftosa deve ser feita até 31 de maio| Foto: Anta´nio More/ Gazeta Do Povo

A campanha contra a aftosa do Paraná, lançada ontem em Campo Magro, na região de Curitiba, ganhou dois novos apelos. O estado está retomando as exportações para a Rússia – dez anos depois dos embargos que representaram perdas de R$ 8 bilhões em uma década – e a carne bovina brasileira volta a ter sua condição sanitária colocada em xeque pela suspeita de vaca louca em Mato Grosso. A vacinação deve ser feita até 31 de maio.

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As duas questões foram usadas nos apelos das autoridades sanitárias para que nenhum animal com menos de 24 meses deixe de ser vacinado. Dos 9,5 milhões de bovinos e bubalinos, perto de 4,3 milhões que estão nessa faixa etária precisam ser imunizados. O medicamento necessário custa R$ 6,5 milhões aos pecuaristas.

A vacina contra a aftosa não protege o rebanho contra a doença da vaca louca – controlada com ração sem proteína animal e com o monitoramento do plantel –, mas é imprescindível para manter ou elevar a condição sanitária da carne bovina no exterior, apontou o presidente da Agência de Defesa Agropecuária (Adapar), Inácio Kroetz. O Brasil recuperou em 2008 a condição de área livre da aftosa com vacinação e tentará alcançar o status de área livre com vacinação em 2015.

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"Estamos cada vez mais perto da última campanha”, disse o presidente da agência, criada dois anos atrás. Após a contratação de 200 servidores para a Adapar, cujo concurso acaba de ser lançado, o estado vai pedir reconhecimento para suspensão da vacinação ao Ministério da Agricultura e à Organização Internacional de Saúde Animal, a OIE. O novo status depende também da situação em estados vizinhos e no Paraguai.

É necessário garantir vacinação para que não haja qualquer suspeita e para que o rebanho esteja protegido se algum caso for registrado na América do Sul. “Um único animal não vacinado pode levar a um prejuízo de bilhões de reais”, disse o secretário da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara. “Esta pode ser a penúltima. E a campanha de novembro, a última. Dependemos da colaboração de cada pecuarista.”

O governador Beto Richa foi a Campo Magro e engrossou os apelos da campanha. “Hoje nosso trabalho é para conquistar status de área livre sem vacinação [só conferido a Santa Catarina]”. Em sua avaliação, o Paraná nunca teve aftosa, mas pagou o preço por reconhecer uma ocorrência duvidosa.

Engajamento

O proprietário da fazenda Sol Poente (onde a campanha estadual foi lançada), Nelson Zonato, disse que os 400 bovinos de sua propriedade serão vacinados em menos de uma semana. “É importantíssimo garantir a qualidade sanitária da pecuária bovina. Bastou esse suspeita de doença da vaca louca em Mato Grosso para que o preço da carne brasileira começasse a cair no exterior”, apontou. Outros 22 estados e o Distrito Federal também estão vacinando o gado contra a aftosa.

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Exame - Parecer sobre suposto mal da vaca louca deve sair hoje

Agência Estado

O Ministério da Agricultura espera receber hoje o parecer da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE, na sigla em inglês), sobre o suposto caso atípico da Encefalopatia Espongiforme Bovina, conhecida como mal da vaca louca, verificado em um animal que estava pronto para abate no frigorífico da JBS-Friboi em São José dos Quatro Marcos, no sudoeste do Mato Grosso.

A identificação do animal doente levou o ministério a determinar o abate, no último sábado, de outros 49 animais que tiveram contato com o bovino suspeito e estavam estavam confinados separadamente desde 19 de março. A expectativa do ministério é de que o organismo internacional apresente o resultado na madrugada de hoje, em função do fuso horário em relação a Inglaterra, onde o laudo está sendo produzido. A pasta espera que os exames realizados pela rede estatal Laboratórios Nacionais Agropecuários (Lanagros) sejam confirmados pela OIE. A classificação do caso como atípico ocorre porque o animal não desenvolveu a doença da vaca louca nem morreu em função dela. A marcação priônica (falha em partículas de proteínas importantes para o desenvolvimento dos neurônios) se desenvolveu por causa da idade animal – ela ocorre normalmente em bovinos acima de dez anos, em função do envelhecimento das células do animal. O caso clássico da doença ocorre em rebanhos mais novos, de até sete anos. Nesses casos, a enfermidade pode ser causada pela alimentação à base de farinha de osso e carne. É proibido alimentar os animais no Brasil com esse tipo de suplemento.

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