São brasileiros e russos, mas parece que estão falando grego uns com os outros. O anúncio da Rússia de que irá suspender as importações de carne suína e bovina do Brasil, a partir de 1º de dezembro, está dando o que falar entre as autoridades do Kremlin e de Brasília.
Nesta quarta-feira, o Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária da Rússia, Rosselkhoznadzor, contestou a informação divulgada pelo governo brasileiro de que o País ainda não havia sido notificado oficialmente da suspensão das compras. Em nota publicada nesta quarta-feira, 22, o departamento russo afirma que na segunda-feira, 20, enviou uma carta oficial ao Ministério da Agricultura do Brasil sobre a decisão de restringir a importação.
“Cópias de protocolos de pesquisa também foram anexadas ao documento, as quais mostram a detecção de ractopamina em produtos brasileiros”, relata o órgão. O serviço federal russo diz que julgou necessário divulgar a nota para explicar informações que “apareceram em vários meios de comunicação sobre a não notificação do Brasil da introdução de restrições”.
Segundo o Kremlin, na terça-feira, 21, foram realizadas negociações com o Brasil, na qual um representante do ministério brasileiro informou que a carta havia sido recebida. Por isso, os russos estranharam que o governo estivesse cobrando, publicamente, o envio dos certificados de inspeção e laudos laboratoriais que apontaram a presença do estimulante de crescimento ractopamina na carne brasileira exportada para o país.
A nota do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal (Dipoa) do Ministério da Agricultura dizia que o Brasil utiliza o sistema de segregação de suínos para a exportação de carne para Rússia, “o que impossibilitaria a detecção de ractopamina conforme informação prestada pelo Serviço Federal de Vigilância Veterinária e Fitossanitária russo”.
As autoridades brasileiras tinham pressa em acessar os documentos para começar uma investigação interna e fazer as correções necessárias para reabertura do mercado russo, o mais breve possível.
- Trump perdoa dois perus: outros 46 milhões serão devorados nesta quinta
- Não é filme de terror, mas problema vem assustando cientistas brasileiros
Reações
A Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec) espera reverter rapidamente o embargo russo às compras da carne bovina brasileira. Simplesmente porque este tipo de carne está livre da ractopamina, segundo o presidente da Abiec, Antonio Camardeli.
“A última notificação que recebemos sobre a substância foi em 2013”, afirmou. De acordo com Camardelli, a substância - apontada pela Rússia como um dos motivos para o embargo - não é usada no Brasil na produção de carne bovina, diferentemente do que acontece na suinocultura. Por isso, acredita que o imbróglio seja rapidamente resolvido. “Mesmo não sendo utilizada na bovinocultura efetuamos análises regularmente para detectar a presença da substância”, afirmou.
Camardelli acredita que, mesmo se o embargo for mantido, o efeito para as exportações de carne bovina deve ser pequeno, já que, segundo ele, tradicionalmente nesta época do ano os russos reduzem as importações devido ao congelamento dos portos locais.
- Trump perdoa dois perus: outros 46 milhões serão devorados nesta quinta
- Não é filme de terror, mas problema vem assustando cientistas brasileiros
Já a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa a avicultura e a suinocultura brasileiras, divulgou nota para rebater a justificativa da Rússia para embargar as compras de carne suína do País. A ABPA afirma que a carne suína exportada não tem ractopamina. “O setor está seguro sobre as características de seu produto”, diz a associação.
A ractopamina é utilizada como ingrediente em rações de animais confinados para otimizar a produção de carne mais magra, sendo liberada nos principais países produtores de carne suína - como Estados Unidos, Canadá e Brasil. A substância, no entanto, é proibida pela União Europeia e pela Rússia.
- Trump perdoa dois perus: outros 46 milhões serão devorados nesta quinta
- Não é filme de terror, mas problema vem assustando cientistas brasileiros
-
Mais forte do que nunca: que aparato contra "desinformação" o TSE preparou para eleições 2024
-
PEC do quinquênio turbina gasto do Brasil com o Judiciário, que já é recorde
-
Uma família inteira na prisão: a saga dos Vargas no 8/1 encerra série de entrevistas de Cristina Graeml
-
Programa Cátedra Jurídica estreia com pesquisador que revolucionou Direito Constitucional no Brasil