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| Foto: JONATHAN CAMPOS/GAZETA DO POVO

Seis semanas após o surgimento da peste suína africana na China, os cientistas estão correndo para identificar como o vírus mortal entrou no maior mercado de carne suína do mundo e se espalhou por fazendas a centenas de quilômetros de distância entre si.

Encontrar respostas é fundamental para impedir uma maior propagação internacional da doença suína considerada a mais perigosa por pesquisadores russos. O vírus foi reportado em sete províncias chinesas desde 1.º de agosto, causando a morte de cerca de 40 mil suínos e ameaçando perturbar um setor de R$ 528 bilhões (US$ 128 bilhões). A doença também ampliou seu domínio sobre a Europa, onde foram registrados os primeiros casos na Bélgica em 13 de setembro.

Sem vacina para proteger os animais, os pesquisadores afirmam que o vírus letal -- capaz de sobreviver por mais de um ano em um presunto curado -- provavelmente se espalhará rapidamente entre os 433 milhões de animais da China e chegará a outros países, possivelmente até mesmo aos EUA. “O que estamos vendo por enquanto é apenas a ponta do iceberg”, diz Juan Lubroth, diretor veterinário da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) em Roma, após reunião de emergência de três dias em Bangkok, neste mês. A doença “quase certamente” aparecerá em outros países, afirma.

Pesquisadores da Academia Chinesa de Ciências Médicas Militares, em Changchun, disseram que o patógeno suíno das fazendas locais se equipara a uma cepa altamente virulenta que surgiu na antiga república soviética da Geórgia em 2007 e subsequentemente se espalhou pela Rússia e pela Estônia.

Isso os levou a especular que a doença, que não afeta seres humanos, pode ter sido introduzida por meio do comércio de suínos vivos com a Rússia e a União Europeia ou com a importação e o descarte ilegal de produtos contendo carne suína.

Cerca de 800 animais foram sacrificados na Rússia como parte das medidas adotadas para controlar mais de mil surtos separados. Posteriormente, a produção independente ou de pequena escala diminuiu quase pela metade, contaram pesquisadores do Centro Federal de Pesquisa em Virologia e Microbiologia da Rússia.

Em 2011, quando cerca de 12 mil porcos foram sacrificados, as autoridades estimaram que a doença poderia provocar prejuízo direto de até US$ 267 milhões. “A luta contra a doença não é um problema de saúde pública, mas uma questão de saúde animal e econômica”, disse um comunicado da Agência Federal de Segurança da Cadeia Alimentar da Bélgica, em 13 de setembro, ao anunciar a descoberta de javalis infectados em uma província do Sul da China. “Nos últimos meses, ela se espalhou mais rapidamente e mais para o Oeste, afetando países antes não atingidos”.

Em um relatório de março deste ano, a FAO concluiu que a doença provocaria “consequências devastadoras” para a saúde animal e para a segurança alimentar. Do China, o vírus poderia se espalhar pela Ásia, inclusive pela península coreana.

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