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Sting: sem dom para as rimas | Arquivo Gazeta do Povo
Sting: sem dom para as rimas| Foto: Arquivo Gazeta do Povo

Você já dirigiu um "Cornowagen"? Quem sabe um "Cachacinha"? Ao menos já passeou de "Marta Rocha"? Calma, se esses nomes lhe parecem um tanto estranhos, saiba que para quem já cruzou a casa dos 40 anos de idade eles soam bastante familiares. São apelidos colocados em alguns carros do passado por sua aparência ou peculiaridade. Prática, aliás, que sobrevive até hoje, porém sem a mesma criatividade que viria a perpetuar diversos modelos.

O "Ford Bigode" foi o primeiro a ser rotulado no Brasil, ainda na década de 20. O apelido nasceu por causa de duas alavancas atrás do volante dos modelos T: a da direita ajustava o ponto de ignição e a da esquerda era o acelerador. Lembravam bigodes da belle époque, com as pontas para cima.

No pós-guerra, veículos populares europeus vieram aos montes para o Brasil. Um deles era o pequenino Fiat 500. Com apenas 3,21 metros de comprimento, parecia um inseto perto dos carrões americanos que rodavam por aqui. Virou "Pulga". Por falar em carrões, o Cadillac "Rabo de Peixe" fez muito sucesso na década de 50. A referência se dava por sua traseira extremamente longa.

Em 1954, Marta Rocha ficou em segundo lugar no Miss Universo e virou paixão nacional. No ano seguinte, seu nome "batizou" uma picape da Chevrolet: a grade se abria num sorriso e os faróis eram marcantes como os olhos verdes da baiana. O frágil Gordini, lançado pela Renault em 1962, era chamado de "Leite Glória", já que dava a impressão que "desmanchava sem bater". A expressão era o slogan usado na época pela marca de leite em pó instantâneo.

Em 1969, aproveitando o sucesso do personagem de José Mojica Marins, o sedã VW 1600, com quatro portas, passou a ser chamado de "Zé do Caixão". Tinha linhas retangulares e quatro maçanetas cromadas, que lembravam as alças de um esquife.

Já "Cachacinha" remetia ao Fiat 147 a álcool, o primeiro modelo movido pelo combustível vegetal vendido no país. Mas o Fiat que teve o apelido mais conhecido foi o Uno, chamado de "Botinha Ortopédica" pelo seu formato.

Mas ninguém ganhou tantos apelidos como o Fusca, que até 1961 era chamado apenas de Volkswagen Sedan – o nome Fusca possivelmente foi derivado de "Folqs", a pronúncia alemã de Volks. A montadora resolveu colocar teto solar no carro popular e logo o povo denominou o modelo de "Cornowagen", uma brincadeira de que o proprietário traído precisava de uma abertura no teto para acomodar os "chifres".

No início dos anos 80, o Fusca recebeu lanternas grandes na traseira; a ligação do público com os bustos avantajados da cantora Fafá de Belém foi imediata e o carro levou o nome dela. Quando voltou a ser fabricado, em 1993, a pedido do então presidente da República, Itamar Franco, passou a ser "Fusca Itamar".

A Kombi também não escapou das alcunhas populares. As primeiras eram conhecidas como "Pão Pullman" por causa do formato da carroceria. Na versão com pintura de dois tons, era a "Kombi Saia e Blusa".

Quem não se recorda do "Monza Tubarão", o sedã da GM que, na sua versão reestilizada, em 1991, ganhou uma frente que mais lembrava o temido peixe. No mesmo ano, o Gol ficou com o farol mais esticado. Bastou este detalhe para ser chamado de "Gol Chinesinho". Quando ganhou linhas arredondadas, em 1995, virou "Gol Bolinha". Nessa época começava no Brasil a invasão dos importados. Vieram o "Fiesta Espanhol" e o "Astra Belga". Quatro anos depois chegava o australiano "Omega Canguru".

Na virada do milênio, os codinomes ficaram mais escassos. Destaque para o "Fiesta Gatinho", graças aos faróis parecidos com os olhos puxados do felino, a "S10 Pit Bull", devido à mudança na frente do veículo da GM, mais achatada, lembrando a cara da raça do cachorro, e o "Corolla Brad Pitt", cuja publicidade na tevê do Toyota era protagonizada pelo astro do cinema.

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